Carlota e o Mundial #5
O Mundial trouxe-me de volta o MEC.
Eu já o tinha visto de volta num suplemento de um qualquer jornal aqui há uns tempos, mas uma leitura rápida de um texto menos feliz deve ter-me desiludido, pois não guardei do regresso grande recordação.
As minhas primeiras memórias do MEC remontam aos meus late-teens e early-twenties, quando lia as suas crónicas no Expresso (A Encomenda das Almas) e depois no jovem Independente. Eram uma verdadeira fonte de inspiração e de boa disposição.
O MEC inaugurou em Portugal um estilo fascinante. Escrevia sobre coisas sérias com humor e num tom que nunca ninguém ousara utilizar antes. E assim conquistou um vasto público. No Expresso, chegou a escrever-se, a propósito dele, que foi o modelo e guru de toda uma geração jovem, a primeira para a qual os valores da época do 25 de Abril já nada significam. Nada mais acertado, do meu ponto de vista, que nunca consegui andar a par da história recente de Portugal.
Outra das suas grandes contribuições foi feita através da redacção das entrevistas históricas do Humor de Perdição, um dos programas do Herman José. Eram textos absolutamente delirantes e brilhantemente interpretados. O sucesso e a polémica foram tais que, se bem se lembram, as entrevistas históricas foram retiradas do ar pela RTP antes da entrevista à Rainha Santa Isabel.
Após uns quantos livros, o MEC desapareceu do mapa. Ou então, fui eu que lhe perdi mesmo o rasto. Reapareceu, ou qualquer coisa do género, na Internet num site chamado Pastilhas, no qual pura e simplesmente nunca soube orientar-me. Depois mandou as filhas gémeas trabalhar, no Verão do ano passado, como relações-públicas de discotecas da moda e foi a última vez que ouvi falar dele.
Mas eis que, a propósito do Mundial 2006, o reencontro se dá. O MEC escreve n'O Jogo, sobre futebol. Não é o tema mais interessante do mundo, mas pode ser que seja a única maneira de eu achar graça ao futebol. Sobretudo hoje, que anda tudo por aí tão excitadinho com um jogo da treta.
19 Comments:
O futebol é mesmo um mundo! Serve para tudo até para ressuscitar MECs...
Beijos
Ele escreve semanalmente na revista "Única" do Expresso.
Também me recordo das crónicas do Expresso, que deram origem ao livro "Os meus Problemas".
Não sei se é da idade, mas já não lhe acho tanta piada.
Um abraço.
ler até lia... mas aquele tique da lingua tira-me do sério!!
com o Mec tive os mesmos cruzamentos e desncontros que tu. Gostava muito de o ler. Agora já nao sei...
"Causa das Coisas" e "As Minhas Aventuras na República Portuguesa" ... é desse MEC que me lembro, bem como do MEC do Independente e da revista Kapa ... O MEC aguçou o meu sentido de humor e moldou, de certa forma, o meu estilo escrito!
Gostei deste teu post!
... deixei-te um linkezinho lá no Postais de BXL! ;))
Beijos,
Sinapse
(p.s. - também nunca consegui orientar-me no Pastilhas ... até me registei e tudo, mas ... enfim ...)
Já me mandaste a peça de ponto cruz?
(Não sei se vais perceber o "alcance" desta pergunta mas tenho quase a certeza que sim...)
Beijolas
:)
O futebol serve de pretexto para quase tudo...:)
... e não consegui encontrar o artigo do MEC ...
Sempre gostei de MEC. Reler cronicas antigas é ainda assim ler "classicos": sao muito mais ricas comparadas às actuais, que escreve na "Unica". Joao Pereira Coutinho foi anunciado como seu "continuador" mas para mim só há um MEC...
Estou a ver que está a dar um MEC attack em Bxl! Eu também gosto do que ele escreve, mas como alguém já aqui comentou aquela lingua de sardão irrita-me.
beijinhos
Olha eu também andava com essa opinião relativamente ao MEC até ter dado umas boas gragalhadas ao ler a crónica na "Ùnica" de há 2 semanas sobre os iogurtes. Estava delirante e ao nível do seu melhor. Pena que não tenha sido sempre assim nos últimos anos...
Beijinhos
Como tudo e todos na vida, MEC tem os seus altos e baixos...
Mas sem dúvida que tem um estilo de escrita como há poucos na língua portuguesa...
Bjs!
Partilho do teu gosto pelos escritos do MEC. Apesar de "transpirar" um certo snobismo, aprecio nele a perspicácia e a ironia.
Bjs e bom resto de semana
O que gosto no MEC é o seu olhar distanciado sobre a nossa realidade.
Nisso, ele é inimitável!
Essa de servir para tudo, ainda estamos para ver Pitucha. :)
Ah, então foi essa a revista, Armando. Quanto ao resto, um jovem como tu não pode dar essa desculpa da idade! :)
Mas o MEC lido não tem tique, Boleia! :)
Há que voltar a experimentar, MCM
Beijolas aos cinco.
Tens de o procurar melhor, Sinapse. Está lá.
Como poderia tê-lo feito, se não me mandaste a tua morada, Espumante?... :)
Até para os meus posts, Alice... Ao que isto chegou!
;)
Concordo contigo, Sabine. As antigas crónicas do MEC são verdadeiros clássicos!
Como já tive oportunidade de referir, Patch, o MEC lido não tem o tique! :)
Beijolas aos cinco.
Eu sei, Teresa. É vergonhoso!
Oh, que pena que não li, Carla... :(
É verdade, Restaurador. E difícil de copiar...
Tens razão, quanto ao "certo snobismo", Deep. Já não me lembrava disso...
O ar distanciado deve vir mesmo da distância efectiva do MEC relativamente a todos nós, Assobio. é raro ter-se dele notícias, não é?
Beijolas aos cinco.
As gémeas são uma treta, mas o papá e um senhor!, também há séculos que não sabia dele. Joguinho da treta? Eu também acho, mas até os Simpsons lhe dedicaram um episódio, já viste? Beijo, bom fim de semana
Não sei nada desse episódio dos Simpsons, 125 Azul!
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