A importância da fachada

É politicamente incorrecto deixar-se fotografar a fumar. Mas não o fazer intencionalmente é aldrabar o pessoal. Ou não?

É politicamente incorrecto guiar automóveis ultrapassando os limites de velocidade estipulados na lei. Mas violar o Código da Estrada à descarada e esconder o facto de toda a gente utilizando a prerrogativa de se ser membro do Governo é aldrabar o pessoal. Ou não?

É politicamente incorrecto dizer que Portugal é competitivo para efeitos de investimento estrangeiro porque é um país com baixos custos salariais. Mas omitir esse facto é aldrabar o pessoal. Ou não?

Desencadear uma polémica sobre o diz-que-disse de um ministro que - helloo! -, é um político (vocês sabem do que estou a falar!) é, para além de bater no ceguinho, revelador de que há por aí muito media que não tem nada com que se entreter, já tendo inclusivamente esgotado o tema "aborto", o que é uma verdadeira façanha (mais uma para o livro dos recordes!).

Manter a referida polémica descurando qualquer rigor sobre as palavras utilizadas pelo ministro (umas vezes diz-que-disse "mão-de-obra", outra diz-que-disse salários, outra diz-que-disse "custos salariais") é de uma leviandade e falta de profissionalismo atrozes.

Portanto, ralem-se, se quiserem, com as graças do ministro, que eu vou mas é à caça dos jornalistas! Hoje sob a minha mira vai estar um microfone de repórter desocupado especado frente à porta de um jazigo, não vá sair de lá um morto a andar...