terça-feira, abril 17, 2007

Série Comentários Postados





São situações muito complicadas. E vários pensamentos me ocorrem cada vez que me deparo com fragmentos de pobreza.

Sei que, por um lado, por vezes a pobreza é relativa. Há um rapaz que com frequência se senta em frente da porta de um super-mercado onde compro as saladas para o meu almoço. Em frente dele tem um cartão sujo no qual escreveu "Tenho fome". Na orelha, tem um auricular ligado a um aparelho que pode ser um telemóvel ou um leitor de mp3. Na mão tem, muitas vezes, um cigarro aceso.


Sei que, por outro lado, há quem viva da exploração da pobreza. Há pessoas que pedem nos semáforos e que depois entregam o resultado do peditório quando se abre o vidro da janela de um bom carro que estacionou ali ao lado. Já recebi, por isso, pedidos no sentido de não dar esmolas a essas pessoas, a fim de não fomentar semelhantes situações de exploração humana...


Sei, também, que sozinha não posso mudar nada. Apesar de me lembrar da satisfação que senti no dia em que faltei a uma aula do liceu para dar o pequeno-almoço a três irmãos de 2, 5 e 7 anos que viviam debaixo da ponte, sei que não é com comportamentos semelhantes que vou ajudar a acabar com a pobreza.


E sei que, em alguns casos, são as próprias pessoas que se encontram em situações de extrema pobreza que nada fazem em seu benefício, preferindo viver à conta dos outros, do Estado, de quem for. A este propósito, recordo uma reportagem televisiva (SIC) de há cerca de duas semanas. Os repórteres entrevistavam o patriarca de um acampamento de ciganos cujos filhos, que viviam do rendimento mínimo garantido (não me lembro da actual denominação deste subsídio) e eram profissionais da formação profissional, estavam desempregados porque depois de terminados os sucessivos cursos, ninguém os tinha chamado para trabalhar. Enquanto esperavam que um emprego ou a notícia de um novo curso subsidiado lhes caísse no colo, lá estavam, sentados a fumar, entre uma dezena de crianças sujas e vários montes de lixo.


Sei, finalmente, que há muitas pessoas que vivem na pobreza total e cujos muitos esforços para melhorar as suas vidas são frequentemente vãos. E que se não fosse a ajuda que lhes é dada por organizações de caridade, já teriam morrido de fome, de frio, de nada.
São situações muito complicadas.

6 Comments:

Blogger Carlota said...

Não vale dizer que a pensar morreu um burro!
:)

abril 17, 2007 9:57 da manhã  
Blogger Periférico said...

Eu acho que não há ninguém bem formado que nunca pensado nisso...

Beijos

abril 17, 2007 12:38 da tarde  
Blogger Teófilo M. said...

Bem haja por pensar como pensa.

Eu, apesar de tudo - mesmo estando de acordo com o post - continuo a dar e a apoiar, na medida das minhas possibilidades/disponibilidades, pois tenho alguma dificuldade de, muitas vezes, conseguir atempadamente analisar a situação com que me deparo, e, na dúvida, dou.

Procuro fazê-lo maioritariamente para instituições que conheço e/ou situações que encontro e que justificam o acto, mas outras vezes é apenas a oportunidade que me leva a actuar.

Poderei errar uma ou outra vez, mas afinal sou apenas humano.

Xis corações.

abril 17, 2007 1:20 da tarde  
Blogger Marreco said...

É assim...
Eu também vi esse documentário na SIC.
É o sistema actual a funcionar!
Vejamos: se o estado paga 700 Euros de rendimento mínimo, cerca de 350 de subsidio de formação profissional, o total são cerca de 1050 euros!
Se trabalhar num restaurante, ganho cerca de 300 Euros a trabalhar 45 Horas por semana!
Eu também ficaria à espera que me viessem buscar para trabalhar!
Quanto aos mais necessitados, todos os anos faço a minha contribuição para o Banco Alimentar contra a Fome...
Dou comida... alguém a há-de comer!
Bjs

abril 17, 2007 6:13 da tarde  
Blogger Mónica Lice said...

Também já pensei e penso nessa realidade... Infelizmente, pensar não resolve, mas já é um passo nesse sentido.

Beijinhos.

abril 17, 2007 6:28 da tarde  
Blogger Sinapse said...

Interessante post, Carlota!!
... aliás, interessante comentário postado! ;)


... eu deixei-te vários comentários, mas foi mesmo nas caixas de comentários do Postais!


Beijinho,
Sinapse

abril 17, 2007 9:28 da tarde  

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