Humor checo
Como devem saber, durante o corrente semestre é a República Checa que ocupa a Presidência da União Europeia.
Vem sendo hábito, a cada Presidência, exibirem-se no átrio do edifício do Conselho, em Bruxelas, umas obras (de arte), mas a verdade é que dificilmente alguma ficará na memória dos que por ali passam como a obra exibida pela Presidência checa.
De facto, noticiava-se que a obra agora em exibição fora encomendada pelo Governo checo a um artista plástico checo para que coordenasse a apresentação de 27 trabalhos de 27 artistas plásticos dos diferentes países da UE. Cada um desses trabalhos deveria representar um estereótipo do país.
Na sequência da encomenda, foi há dois dias instalada no Conselho a obra denominada Entropa, em que (e apenas elenco alguns exemplos) a França está em greve, a Alemanha é uma encruzilhada de auto-estradas, a Espanha é uma placa de betão com uma bomba no País Basco, a Itália é um campo de futebol em que bolas de futebol estão à altura dos orgãos genitais dos jogadores, a Suécia uma caixa do Ikea, Portugal é representado por bifes crus, o Luxemburgo é uma imitação de um lingote de ouro à venda, a Bélgica é uma caixa de chocolates e a Inglaterra, pura e simplesmente, não existe.
Contrariamente ao que fora habitualmente praticado pelas presidências anteriores, a obra consensual deu lugar à obra polémica. Os checos terão querido provar o seu sentido de humor e testar o sentido de humor dos seus parceiros.
Mais eis que, menos de 48 horas depois, se descobre que, afinal, dos 27 artistas plásticos indicados, o único que existe é o próprio coordenador da obra. David Cerny revela-se o responsável pela totalidade da obra e pela enorme partida ao Governo checo, que, ao querer testar a capacidade de encaixe dos outros países da UE, vê agora testada a sua.
Quanto ao artista, David Cerny, justificou-se desta forma, ao mesmo tempo que apresentava as suas desculpas ao mandante da obra: A hipérbole grotesca e a mistificação fazem parte da cultura checa e a criação de falsas entidades representa uma das estratégias da arte contemporânea. Nós sabíamos que a verdade seria descoberta e queríamos saber se a Europa seria capaz de se rir de ela própria.
Eu cá estou pronta a desatar à gargalhada, logo que perceba qual é o estereótipo que se esconde atrás daqueles bifes.
Eu cá estou pronta a desatar à gargalhada, logo que perceba qual é o estereótipo que se esconde atrás daqueles bifes.
ADENDA: Pronto, já me explicaram, pelo que já estou a rir, a rir.
11 Comments:
É o colonialismo! Os bifes têm a forma de antigas colónias. Talvez "carne para canhão"?
Enfim, haja paciência.
(Temos que admitir que o golpe do gajo foi de mestre!)
Beijos
Pois é, Pitucha. Eu nunca fui grande coisa a geografia!
Espero agora que não chamemos o embaixador checo, como fez o búlgaro...
A verdade é que se ele conseguir que toda a gente se enerve, é porque fez um trabalho bem feito.
Quanto ao golpe, que foi de meste, sim. Não que esteja de acordo com ele, mas foi de mestre.
(Não sabia que também dizias gajo! :))
Xi-co.
Aplaudo a originalidade do artista.
A forma como apresentou todos os países, naquele kit em que as pecinhas se vão retirando e fazendo a montagem, dá a ideia: Assim se constroi uma Europa.
As nossas ex colónias representadas sob a forma de suculentos bifes e em que nós apenas somos a tábua para os bater, está genial.
A não representação da Inglaterra poderá significar a ainda não adesão ao euro ou então, na condição de ilha e face à queda acentuada da libra, que se afundou.
Vou dissecar calmamente o manual anexo.
Afinal já sabes o significado dos bifes crus e não constas aqui aos pobres????
:)
Boa e inspirada dissecação, JG.
Não tenho nada a esconder, Espumante, mas a Pitucha e o JG já o referem. Os bifes são as ex-colónias portuguesas.
Xi-cos aos dois
mesmo que sejam as ex-colonias, isso foi chao que deu uvas, continuo sem perceber... sempre pensei que fossefado, fatima ou futebol...
uma posta de bacalhau tambem nao estaria mal.
beijos
... mesmo depois de seguir (ler) o link ... e de percorrer (ler) a caixa de comentários ... continuam a sobrar-me pontos de interrogação e a faltar-me vontade de rir ...
C'os diachos!!! a ideia é estapafúrdia ... mas se ao menos a execução de tão estapafúrdia ideia tivesse resultado numa obra esteticamente atraente, ainda se safava ... mas aquela monstruosidade ...
... e por Zeus, bifes???!?!?!?!???
Deixei cr´tica de moda nos Globes. Hoje não me apetece falar de coisas sérias...
Já fui ler os comentários que referes, mas confesso que não vejo a genialidade da coisa. Provavelmente entenderia melhor ou rir-me-ia mais se visse a escultura in loco...
Bifes, fazem-me sempre lembrar os ingleses, e se o artista acha que as ex-colónias foram uns suculentos bifes para o País, ou não sabe o que são bifes, ou não conhece o País, nem tampouco a sua história.
Elas foram bifes apenas para muito poucos, para os restantes foram terras onde deixaram vidas, haveres, famílias, amigos ou apenas locais de degredo.
Dá-me vontade de rir ver um checo a dissertar sobre colonialismo, pois eles sempre colonizaram os eslovacos, os húngaros, os morávios, os silésios e outras nacionalidades menores resultantes do antigo império austro-hungaro.
Talvez por isso a vontade de rir.
Xis abifados.
Muito bom, sim senhora!
Dá-nos uma ideia, pelo lado engraçado da coisa!!
Beijos!
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