Pânicos e afins
Acho graça a estas coisas das correntes. A sério. Faz-me lembrar aqueles caderninhos que tínhamos no liceu, nos quais escrevíamos uma pergunta em cada página e depois fazíamos circular entre todos os amigos.
Hoje saiu-me na rifa o desafio lançado pelo Espumante. Aparentemente, todos nós padecemos de alguns pânicos viscerais e o objectivo é elencá-los. Fiz uma pequena análise introspectiva e encontrei alguns pânicos, se calhar mais do que aqueles que esperava. De qualquer forma, os pânicos que se seguem são menores, até porque os maiores não são blogáveis.
Eis, então, sem qualquer ordem de prioridade, cinco situações/criaturas que me fazem entrar em pânico, mais ou menos controlado.
Eis, então, sem qualquer ordem de prioridade, cinco situações/criaturas que me fazem entrar em pânico, mais ou menos controlado.
1 – Falta de cotonetes
Ao longo dos anos, desenvolvi uma dependência das cotonetes, pelo que é algo que não dispenso de ter em casa.
Se por acaso me acontece ir passar o fim-de-semana a algum lado e de repente descubro que me esqueci de levar cotonetes, tenho imediatamente verdadeiros ataques de comichão nos ouvidos, o que desde logo me tira parte da serenidade que me é característica.
2 – A minha colega equatoriana
Mal a vejo entrar no meu gabinete, começo logo a pensar numa desculpa para sair. Mas na maior parte das vezes tento parecer trinta vezes mais ocupada do que estou, para ver se ela me desampara a loja rapidamente.
É que quando aquela mulher se põe a falar, corre-se o risco de não se fazer mais nada durante uma hora. Sabem como são aquelas pessoas que começam a contar uma história que nunca mais acaba porque dessa nascem outras pequenas histórias e explicações? Sabem como são aquelas pessoas que desenvolveram a capacidade de falar sem fazer pausas para respirar? Daquelas que não nos dão a mínima abébia para sequer dizer “pois”? Esta minha colega é formada em tagarelice e é assim. E ainda por cima, talvez por ser sul-americana, tem sempre um monte daquelas histórias místicas do avô cego que tinha visões, da irmã que sonhava o que ía acontecer no dia seguinte, da mãe de dezoito filhos que atravessou o país com uma filha morta nos braços, tudo muito ao estilo do Gabriel Garcia Marquez... mas muito mais assustador porque é suposto ser verdade.
3 – Contacto com peles de animais mortos e animais embalsamados
Deixam-me completamente horrorizada e ainda hoje estou para descobrir porquê.
Não consigo tocar em casacos de peles. Nem pisar tapetes de pele de carneiro ou de ursos ou de leões. Mesmo com sapatos, sinto calafrios.
Aflige-me estar perto de animais embalsamados, de pêlos ou de penas. Uma vez tive de entrar em casa de uma amiga pela janela, porque tínhamo-nos esquecido das chaves, e dei o grito mais estridente da minha vida quando ela acendeu a luz e eu vi que tinha ao meu lado uma enorme coruja de asas abertas...
4 – Abordagem por vendedores ambulantes
É o pânico total e não respondo pelas minhas reacções. Torno-me absolutamente inimputável e imprevisível, caso seja abordada por alguém que me queira vender algo em que não estou de todo interessada. Tipo as ciganas na Avenida da Igreja, em Alvalade. Ou os vendedores em países de turismo. E então se me tocam, está o caldo entornado. Correm o risco de levar um enorme berro e/ou com a mala em vôo. É uma coisa absolutamente irracional, para a qual não tenho qualquer explicação, mas é a pura das verdades.
5 – Mulheres chatas, fúteis e cheias de acessórios (normalmente de cabelos cheios de madeixas louras)
Fujo delas como o diabo da cruz. Temo ficar sozinha com elas numa qualquer sala. Não aguento as conversas sobre a dieta, o cabeleireiro, os biquinis, as sandálias, as compras, a cor do verniz das unhas dos pés. Ao fim de dez minutos, já estou com afrontamentos e à procura de uma janela para apanhar ar ou mesmo saltar. Não percebo como é possível nunca lerem um jornal ou não conseguirem seguir um raciocínio do Marcelo Rebelo de Sousa. Está para além do meu entendimento não arriscarem nada (excepto, talvez um tom de louro mais platinado nas madeixas), nunca terem produzido nada de concreto nas suas vidas e não se darem conta disso, quanto mais incomodar-se. Mete-me confusão não saberem fazer nada de nada, nem coisas simples como coser uma baínha. Aflige-me a sua dependência absoluta de uma pessoa do sexo masculino – que tanto pode ser o marido, como o pai -, quer em termos financeiros, quer para pôr um candeeiro no tecto. Resumindo, deixam-me fora de mim.
22 Comments:
Carlota, deves ser a minha sósia lol.
A dos cotonetes então é igual sem tirar nem pôr =) quanto as senhoras do ultimo ponto acho que é por causa delas que não consigo ir ao cabeleireiro.
achei lindas as tuas fobias...
Isto é giro até para vermos as coisas que temos em comum, Rafaela!
Lindas, LxExpo?... OK!
Beijolas a ambas.
combinado, respondo amanhã lá no 125, apesar de achar uma maldade "obrigares" a malta a lembra-se das fobias!
Agora as tuas, são impagáveis!
Dos teus pânicos, destaco um que também tenho: o do colega equatoriano.
O meu problema é que tenho sempre vários à perna. Mesmo onde estou agora, na Alemanha, não me livro deles. Ainda hoje de manhã um equatoriano alemão me ocupou mais de meia hora a falar do tempo, dos turcos na Alemanha, etc., etc. E eu com a agenda cheia de coisas para fazer...
Mas eu penso que o problema não está nos equatorianos, mas sim em nós. Não sei se tens o mesmo defeito que eu, mas eu tenho um que julgo estar na origem do problema: sou permissivo, isto é, qualquer um se sente à vontade para entrar no meu gabinete sem telefonar antes e entabular uma conversa de xaxa. Ando a tentar ser assertivo, mas ainda não melhorei quase nada...
Beijos para os teus pânicos (pode ser que melhores...)
LOOOOL Epah vai ser um problema até porque a das mulheres fúteis é partilhada,e a dos vendedores ambulantes... essa então. Mas amanhã já aparece qualquer coisa lá na seara!!!
Bjs
Segundo os especialistas em otorrinolaringologia os cotonetes são os inimigo n° 1 dos ouvidos ! :o)
Uma pequena nota sobre a teu pânico nr. 5 "mulheres chatas, fúteis, cheias de acessórios e normalmente de cabelos cheios de madeixas louras".
No essencial, concordo contigo, acho que é de entrar em pânico. Ressalvo casos muito, mas muito específicos i.e. ... ... ... hummm... qual era mesmo a especificidade da coisa?... hum... queres ver que me esqueci... ? ... hum... como é que saio desta agora? ... hum.... os homens e a sua degradante parametrização de gostos... hum... estou a piorar a coisa... hum... pois, tens razão, o melhor é mesmo não dizer mais nada.
:))))
Beijolas inteligentes, sem madeixas e cheias de substrato :)))
P.S. tenho a certeza que percebeste que estava a brincar, quanto mais não seja pelo facto de não usares madeixas louras :)
Não é por maldade, 125 Azul. Mas isso tu sabes! E podes sempre dizer que tens pânico de que te passem uma corrente! :)
Não, Nilson, o problema está mesmo nos equatorianos. Pelo menos nestes dois que conhecemos. E nos outros de outras nacionalidades que são como eles. Eu não permito coisíssima nenhuma no meu gabinete e trabalho de porta fechada já para evitar as conversinhas de corredor. Mas esta acaba sempre por arranjar um motivozinho para vir botar faladura!
Querida Papoila, se partilhamos pânicos, então di-lo sem problemas! Não creio que sejamos obrigados a ter exclusivos de nada! :)
Eu sei, Jo! Mas não há nada a fazer quando o vício é visceral! :)
Já lá vou espreitar o teu post, Ana, para ver do que se trata!
Querido Espumante, até percebia sem o P.S.. Por várias razões. Sendo que uma delas é a que nele apontas! :))
Beijolas a todos!
Também odeio Leidis Monólogo. Quanto a pessoas fúteis adoro. Não sei porquê, mas descansam-me o espírito...
Beijinhos
Irei aceitar o desafio lá no meu cantinho. Este é talvez o mais dificil que já me fizeram... Os meus panicos... isso vai ser complicado...
Em relação às mulheres (e os homens que também os há em grande quantidade!) fúteis irritam-me! Não percebo como é possível alguém desperdiçar uma vida em coisas que não têm interesse nenhum?!?!?! Beleza, compras, conversas sobre sociedade e todas as coisas inúteis que se podem imaginar são o motivo de viver deste tipo de pessoas, simples parasitas da sociedade!!!
Bjs!
Já fiz a minha parte...
É isso mesmo que vou passar a chamar-lhe, Margot, Leide Monólogo! LOL!
Hei-de ir lá espreitar, Restaurador!
Muito obrigada, Araj! (Já lá fui ver).
Beijolas aos três!
Fundamentalíssimos, JVC!
Beijola
A Miss Pearls passou-me esta corrente de medos. ;) Isto anda a espalhar-se. :)
A Miss Pearls passou-me esta corrente de medos. ;) Isto anda a espalhar-se. :)
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Cara Carlota, antes de mais devo dizer-lhe que talvez me enquadre 5% no seu último pânico mas não precisa de fazer já Ctrl+Alt+Del ;) As madeixas louras são metade naturais, metade pintadas e de resto... bem, de resto só os acessórios... mas nada exagerado... a aliança... o relógio... os óculos escuros... e pouco mais, esteja descansada! ;)
Agora, mais a sério, nas últimas 24 h tenho ouvido falar muito de si devido a uma corrente de pânicos que chegou até mim através da 125_azul :) Entretanto já visitei outros blogs que desconhecia (como o do Espumante) e lá estava o seu nome. Resolvi vir espreitar e fartei-me de rir com a sua descrição dos pânicos :)
Até uma próxima visita!
Folhinha, espero então que receber correntes não esteja na tua lista de pânicoa...
:)
Beijola
Bem vinda ao Lote 5, Amor às rodelas!
Quer isso tudo dizer que este blog está a ficar famoso?... :)
Beijola
Carlota, confesso uma certa dependência da cotonete tb! :))
... se bem que não ao ponto de incluir isso na minha lista de pânicos ...
Quanto ao pânico nr 5 ... ai, ai, ai, afligi-me ... é que eu não sei coser uma baínha ... isso não faz de mim loura bimba, não?
Pânico!!!!!!!!!!!!!!!!!!
;))
Beijinhos, até breve,
Sinapse
Acho que não Sinapse. Porque é de ti que se trata. :D
Enviar um comentário
<< Home