Timor
Gosto quase sempre de ler o que escreve o António Barreto, no seu artigo semanal do Público, aos domingos. Gosto da sua frontalidade, gosto da clareza da redacção, da lógica entrelaçada dos parágrafos e gosto, sobretudo, dos últimos parágrafos de cada artigo, que concluem em brilharete.
Por estas razões, aqui deixo o último parágrafo do seu mais recente artigo publicado no Público de domingo 28, desta vez sobre o desaire de Timor.
E deixo também uma perguntinha: por que carga d'água vai um contingente da GNR para Dili? Alguém tem conhecimento de alguém que se tenha insurgido contra a douta decisão do PM? É que eu tenho andado longe destas andanças e preciso de actualizar-me...
"Timor não é pior do que tantos outros casos conhecidos, da Europa a África, da Ásia a América Latina. É só mais patético. Porque eles são pobres, muito pobres. Porque derramaram sangue em condições extremas. Porque motivaram a simpatia quase universal. E porque tinham tudo para vencer. Infelizmente, também tinham petróleo e uma clique dirigente ambiciosa e irresponsável. Como também tiveram um bando de especialistas internacionais, muito bem pagos, recheados de boas intenções ou de manuais de gestão democrática e ocupados em criar uma administração moderna. Se fossemos capazes de aprender, deste episódio retirar-se-iam lições valiosas. A conveniência em examinar as condições de exportação da democracia. A necessidade de suspender grande parte da ajuda externa a países cujos dirigentes desviam a seu proveito a generosidade de outros. A urgência em rever as políticas de intervenção internacional em países que a reclamam com massacres e fome. A exigência de pôr um termo à cooperação externa com as novas "cleptocracias" de desenvolvimento democrático. Mas há quem diga que, nestas coisas, nunca se aprende nada. Também me parece."
13 Comments:
Obrigada pela tua partilha. Tal como tu, apesar de estar por cá, também não compreendo por que razão se sente Portugal obrigado a enviar a GNR para Timor...
Para terminar, a imagem do post anterior é muito bonita.
Bjs
Como nada se percebe desta história, porque havemos de querer perceber o que vai a GNR fazer por lá?
Eu, na minha limitada inteligência e parafraseando o Filipe da Geração Rasca, continuo a tentar perceber quem são os bons e quem são os maus...
Beijos
Acima de tudo, temo por aquele país, e pelos timorenses...
Eu não percebo nada da presente crise timorense, não sei a sua causa nem o que a despoletou. Estou, como diz a pitucha, a ver se sei quem é quem.
No entanto a presença da GNR foi expressamente pedida pela presidência desse minúsculo país. Que fazer então? Recusá-la liminarmente? Como, com que lata, se a mesma GNR esteve em cenários que têm muito menos a ver com Portugal como o Iraque, a Bósnia ou a Macedónia? Ou quando o exército continua a cooperar com regimes criminosos como o Angolano? Haveria alguma possibilidade real de não enviar a centena e meia de Guardas que foi pedida?
À primeira vista, sr. Primeiro Ministro procurou responder a um pedido de auxílio lançado por aquele país.
O contingente não irá restabelecer a ordem (que essa é missão para australianos e neo-zelandeses) mas sim, mantê-la e dar formação às forças de segurança timorenses.
Insurgimentos?! Que eu saiba, o Bloco de Esquerda mostrou-se renitente, o PCP e o CDS-PP apoiaram a decisão e o PSD apoia "por princípio" todos os esforços para a Paz (uma vez que desconhece os moldes do pedido de auxílio).
Os motivos e movimentações efectivas e reais... essas são, como em quase tudo na política, mais um truque de ilusionismo, em que se chama a atenção para uma manga mas é da outra que se faz surgir a pomba (que, ainda assim, nem se tem a certeza de que seja a da paz).
Li esse artigo no domingo passado e achei-o de uma lucidez notável... gosto particularmente da passagem:"(...)E porque tinham tudo para vencer. Infelizmente, também tinham petróleo e uma clique dirigente ambiciosa e irresponsável." Ai Timor :-(
Beijos
Subscrevo inteiramente a opinião do AB e saliento também a passagem referida pelo Periférico!
Já repararam que tudo isto recomeçou após a entrega da exploração de parte do petróleo a Timor!!!
:-(((
Beijocas
Eu estou de acordo não só com o António, e com a Carlota, mas ao mesmo tempo também com o Patchouly.
Explico: o que eu não aceito é a novela e o drama que Portugal faz só por ser Timor.
Mas, pela mesmíssima lógica, não vejo porque haveríamos de ignorar um pedido de ajuda (quando até disponibilizamos ajuda para outras situações).
O que eu não suporto é que se faça aquela novela toda do Portugal-Timor, fraternidade e amor e responsabilidades históricas e ... Porquê? ... a que propósito? Irra! Vamos lá, como fomos à Bósnia, ponto final ... reticências.
Mas por onde andas tu, Deep?
Isso exige uma investigação aprofundada, Pitucha. Mas, em princípio, os bons são os que levam na tola e os maus são os que dão na tola dos outros... ;)
Porque os mais fracos são sempre os que perdem, Alice, mesmo quando parece que já nada têm a perder...
Não sei, Patch... Assim sem se integrar numa força internacional, não é a primeira vez?
Beijolas a todos.
(Já volto para responder aos restantes)
A GNR vai gastar o "meu" dinheiro...
Hoje é politicamente correcto "ajudar" timor...
em relação a enviar a GNR para Timor foi a pedido do presidente deles.
O aparato que tem sido feito é que era desnecessário
...
:)
Hoje sou eu que não sei p'ra mais! É que estas m... chateiam-me. mas tens razão, é um parágrafo que diz quase tudo. Beijinho
'Tá Difícil, muito obrigada pela informação tão completa! E com direito a análise final e tudo! :)
Bem vindo ao clube de leitores do AB, Periférico!
Quem tinha razão, Papoila, era a Margarida Rebelo Pinto: não há coincidências, não é?
Quase que me convenceste com a tua lógica, Sinapse! :)
Mas creio que não foi suficiente para eu mudar a minha opinião acerca deste tipo de ajuda...
Pois é muito fácil ser-se politicamente correcto quando se dispõe de capital alheio, não concordas Araj?
Mas o aparato é essencial, Um outro olhar... ;)
Retribuo-te com uma beijola, 125 Azul...
E beijolas a todos os outros vizinhos também!
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