Cérebro, para que te quero?
Sou de opinião de que o cérebro enferruja se não for utilizado. E sou prova viva desta teoria porque no meu cérebro aquela parte que se dedica aos cálculos matemáticos, para além de ínfima, está completamente emperrada. E as outras também não carburam tão eficientemente como seria de desejar.
De vez em quando, lá vou encontrando outros exemplos de cérebros enferrujados. Uns, como eu, habitam a blogosfera. Outros, como o de que vou falar, deslocam-se pela atmosfera.
Há cerca de um ano, confrontada com o aumento dos assaltos aos lares bruxelense, resolvi mandar instalar um alarme cá em casa. Nada complicado: detectores de abertura em todas as portas e janelas e detectores de movimentos em locais estratégicos da casa, para o caso de alguém entrar partindo um vidro.
O alarme foi algo que trouxe uma paz acrescida à minha rotina. Fico mais descansada quando não estou em casa durante o dia e o mesmo se passa durante a noite, pois o alarme fica sempre parcialmente ligado. Se alguém forçar uma porta ou uma janela, é imediatamente dado sinal.
Já para a senhora que trabalha cá em casa como empregada doméstica a coisa não foi tão pacífica. Desde que lhe disse que o alarme tinha sido instalado e que lhe expliquei como activá-lo e desactivá-lo, não há dia que ela não vire a esquina da minha rua em direcção à minha casa em que não venha em oração constante. Antes de pôr a chave e rodá-la na fechadura, benze-se e só depois então entra em minha casa, em passo de corrida até chegar ao dispositivo onde tem de digitar o seu código de entrada.
Escusado será dizer que o alarme disparou várias vezes nos primeiros meses em que ela teve de o desactivar. E que a coisa se agravou quando ela decidiu fazê-lo utilizando uma enorme lupa que trazia na mala. A lupa aumentava os botões da caixa do alarme, mas também engordava significativamente o seu dedo indicador...
Foram dias difíceis, mas com o passar do tempo e com a catadupa das rezas ela conseguiu dominar a técnica. Tanto à entrada como à saída, tendo o cuidado de, quando sai, deixar fechada uma porta que divide o hall de entrada do resto da casa, conforme lhe pedi. Isto para evitar que o Migas entre em casa e, montado no seu cavalo-robot, vá disparado por aí fora e accione o alarme antes de eu o desactivar.
Mas eis senão quando, após meses de silêncio, o alarme voltou a disparar. Quando o meu telemóvel me avisou do facto, olhei para o relógio e fiquei descansada. Estava na hora de saída da empregada, pelo que devia ter sido ela a origem do disparo.
Num imediato telefonema, relatou-me o ocorrido. Saíra de minha casa, ligando o alarme como era hábito. Dados três passos, ficou na dúvida se teria ou não fechado a porta interior do hall de entrada. Decidiu então verificar. Abriu a porta da rua, espreitou para dentro de casa e, vendo que a porta interior estava fechada, voltou a fechar a porta da rua. Surpreendeu-se que, passados alguns segundos, o alarme tivesse disparado.
Tive de lhe explicar que, por espantoso que pareça, as pessoas que inventaram estes alarmes tiveram em conta a impensável possibilidade de haver ladrões hábeis e rápidos capazes entrar em casas alheias, abrindo e fechando as portas muito depressa...
16 Comments:
eheheh :D
(este fim-de-semana parece que é tudo o que consigo 'dizer')
:))
Boa boa!
Bom fds!
Eu não confesso nada e não vale ameaças!
E agora vou-me embora que esta história já não me interessa...
(Ai a vida!)
Fantástica aventura. Beijinho.
eu tenho o mesmo problema no escritorio com a senhora que faz as limpezas, é karma.
bom dia **
ahhhh
acontece .... pelo meu lado mais no trabalho quando nos esquecemos de fazer a tal "corridinha" ou o passo mais acelerado
:)
Nós cá em casa também temos uma coisa dessas...
E claramente que essa "abordagem" tem realmente a ver com as pessoas. Para o meu filho de 6 anos, manejar com o teclado do alarme e com os conceito de entrar/desligar o alarme ou sair/ligar não é nada complicado. Já para o avô dele, de 70 anos, aí a coisa já se torna bem + complicada e stressante...
Bom resto de fds,
Um bjo,
Pedro Estácio
Eu tenho um que já vinha com a casa mas ainda não o pus a funcionar. O acto de ser um terceiro andar e de eu temer que me aconteçam coisas do género têm sido os responsáveis. Mas em tempo de férias... E nem quero imaginar na minha romena a ligar e desligar o alarme uma vez por semana.
Beijinhos e viva a tecnologia.
Às vezes apetecia-me ser assim... não como tu, mas como a tua empregada!
Beijolas
:)
A senhora que me faz as limpezas cá em casa tem é um trauma com o computador ... de quando em vez está em pânico quando chego a casa porque " o estupor da máquina" começou a trabalhar sozinha. e por mais que lhe explique que o computador estava só em suspensão e que basta mexer no rato ele começa sozinho a trabalhar... ela acha sempre que fez qualquer coisa de errado... Resultado EU LIMPO O ESCRITÓRIO... heheheh!!
Ah e quanto a cálculos matemáticos... não éa a única... sofro da mesma síndrome!
E a senhora percebeu? Coitadinha, de certeza que quando era criança esta foi uma realidade que nem sequer conseguia equacionar...
Eu também sinto-me mais segura com alarmes! Desde que funcionem...:))
Beijinhos e uma boa semana!
Ah ah! O que me ri com a história da lupa. eh eh :) O dedo aumentado? :) :) :) Estou a imaginar o desespero da senhora e o medo que ela deve ter que aquilo desate para ali aos berros. eh eh :)
Melhor do que nada Sinapse.
Pelos vistos a Pitucha não confessa Laura!
Muito bem vinda ao Lote 5, Mãr Frenética!
Vai, mas volta Pitucha! Senão vou eu buscar-te!
Foi uma rica aventura, sim senhor, Tetracloro...
Se calhar é um "handicap" corporativo Rafaela... :)
Tens de reinar a corrida Um outro olhar. :)
Pois é Pedro, as crianças são muito mais habilidosas nestas coisas das tecnologias...
Aconselho-te vivamente, Carla, a treinares a romena no alarme bastante tempo antes das férias!
Felizmente há desejos que não se tornam realidade, Espumante!
:)
Sabes, Papoila, isso deve ser um defeito de fabrico das empregadas domésticas. A minha apanha valentes sustos com o comando da televisão e com os brinquedos do meu Migas!
Espero sinceramente que tenha percebido, Wakewinha, mas tenho algumas dúvidas.
As empregadas ou os alarmes, Teresa?:)
Bem, pelo menos o meu já vimos que funciona A lice!
Pois é, Folha de Chá, o pormenor da lupa também achei que é de ir às lágrimas!
Beijolas a todos!
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