Mulher que é mulher...
Através da Sabine, fiquei a saber que a Carla Hilário Quevedo (CHQ) – que é autora de um blog chamado Bomba Inteligente – afirmou num artigo da revista Atlântico que «mulher que é mulher escreve mal».
Infelizmente, esta frase foi tudo a que consegui aceder. Mas as parcas buscas que fiz e os infímos resultados que delas resultaram levam-me a presumir que a CHQ se refere às mulheres que escrevem em blogs. Espremi os neurónios que me restam e inferi que a dita frase, interpretada a contrario sensu, nos leva a concluir que “homem que é homem escreve bem”.
Tendo-me eu em conta de mulher que não escreve mal, rodei sobre mim própria à procura de um qualquer sinal de masculinidade. Não o encontrei, não obstante o esforço. E ficaria preocupada se o tivesse encontrado, pois ele tornar-me-ia numa das maiores fraudes de sempre. Sim, porque tendo em conta todos os formulários que já preenchi pondo uma cruzinha no quadrado que sucede o 'F', todo o dinheiro que já gastei em roupa de mulher, os gritos histéricos que dei cada vez que vi um rato, o vestido comprido que usei no dia do meu casamento, as vezes que fiz depilações, os nove meses de gravidez por que passei, entre outras coisas... com que cara é que eu encararia de novo o lado de lá da porta do Lote 5 se descobrisse que afinal era homem?
Decidi então atacar o problema pela outra ponta da farpa. E lancei-me na leitura de uma amostra significativa dos textos que escrevi neste blog: dez por cada mês da sua existência.
É óbvio que escrever num blog não é a mesma coisa que escrever num jornal e menos se compara a escrever um livro. Ainda assim, finda a leitura atenta, concluí que soube escrever em quase todas as vezes a que a isso me propus. Soube representar por caracteres as minhas ideias. Os textos que escrevi têm uma lógica estruturada e a quase todos não escapa a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Noto cuidado na escrita e ausência de erros ortográficos.
Por outro lado, no que respeita aos conteúdos dos textos, são subjectivos como em qualquer blog que se preze, mas não são exibicionistas, não pretendem convencer ninguém quanto à inteligência da autora e não ferem a susceptibilidade dos leitores.
Finda a auto-análise, concluí que não é de mim que fala a CHQ quando afirma que “mulher que é mulher não sabe escrever”.
Estando em condições de afirmar, como estou, que (1) a mesma frase não se aplica a muitas das mulheres que escrevem em blogs que conheço, presumindo que (2) a dita frase há-de ter uma razão de ser ou uma finalidade e considerando (3) o que se tem em conta a CHQ e (4) o que a têm em conta todas as pessoas que lêem o seu blog – entre as quais tenho de confessar que não me incluo – nem me atrevo a alvitrar acerca dos motivos que levaram a CHQ a escrever semelhante coisa. A minha condição de mulher que sabe escrever não mo permite.
45 Comments:
Como diriam uns bloguistas que eu cá sei ... escreve que sabes!!
Se calhar somos homens, e não sabemos...:))
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Confesso que já fui um leitor da Bomba. Depois fartei-me. Não porque ela escrevesse mal, mas porque simplesmente não era o meu género.
De blog.
ESta afirmação está descontextualizada, mas sempre digo que estas generalizações sexistas irritam-me.
Eu sou homem. Escreverei por isso bem? Escrevei mal? E se escrever mal, estará a minha mascunilidade em causa?
Eu escrevo como sei. E não sei pra mais.
Pelos vistos escrevo mesmo mal!:)
masculinidade era o que eu deveria ter escrito, e não a algarviada que saíu!
Olha, e será que essa senhora...não andará com algum problema de identidade sexual??? Ora se a dita srªdiz que "mulher que é mulher escreve mal",logo se ela é mulher ...escreve mal, certo?? Isto é lógica matemática simples.
Como parece que a Srª acha que escreve muito bem, então deve ter algum problema de identidade sexual! (continuo numa de lógica matemática simples)
Beijocas
Não li o artigo que referes. Não acho que a Carla escreva particularmente bem. Sei é que ela gosta de contextualizar as coisas, metaforiza ferequentemente e é alegórica. Fá-lo muitas vezes. Terá sido o caso? Vou procurar ler o artigo e depois digo-te.
De qualquer forma... clap, clap, clap, clap para o post, nem eu te leria todos os dias se escrevesses mal.
Mas pensando bem... agora fico um bocadinho desconfiado se não é o teu marido que escreve e tu só assinas :))))))))))))))
Beijolas
Papoila saltitante, não tenho nenhum problema de identidade sexual, mas quem sabe o que os anos me reservam.
Carlota, leia o texto, se quiser claro. Mas mesmo que não leia, sugiro que pense no seguinte: não acha estranho que eu sendo mulher e escrevendo, dissesse tal coisa, assim de ânimo leve e, sobretudo, a sério?
Pois eu não tenho problemas de identidade. Escrevo mal, carago, mas sei que sou macho apesar das patacuadas que vou dando.
Isso aí deve ter a ver com "política" forniqueira(!)
Pois eu acho que viste mal o problema! Acho que quando ela diz o que dizem que ela disse (não li, é tudo por segundas vias) se estava a referir à linguagem vernácula. Bloguista fêmea que se preza, merda, não fala direitinho que nem a vizinha, olha que porra! Lote 5? Tão subúrbio...Pués coño!
Beijos
Entao,Carla: mostre lá o texto. Faça visivel aquilo que li (e nao gostei). Esta é apenas uma frase descontextualizada (certo!) mas há mais e igualmente bonitas!
Mostre lá o texto? Olhe que não está escondido, sabine. O texto está na revista para ser lido, apreciado ou não para quem quiser lê-lo. Se gostou ou não é uma opinião sua, que não me diz respeito. É isso habitualmente que acontece a quem escreve, sabe? Há pessoas que gostam, há outras que não gostam. É normal. E depois há quem não perceba nada do que os outros escrevem. Também é frequente.
É o que faço, Sinapse! :)
Cruzes, credo! Não me parece, A lice e Teresa... :)
A afirmação poderá estar descontextualizada, Patchouly, mas é bom tema para início de conversa.
Relativamente ao teu segundo comentário, espero que o lapso não te tenha deixado com uma crise de identidade! ;)
Eu acho que tem de haver outra explicação Papoila, embora não imagine qual. Daí o último parágrafo do meu post.
Eu também não li, Espumante. Daí não ter conseguido ser mais precisa e ter optado por divagar sobre o assunto para o meu lado, que é o único que conheço bem.
Quanto à tua desconfiança, juro que pensei escrever algo semelhante no post, mas depois acabei por me esquecer! :D Ai, a minha cabeça-de-vento!
Charlotte, bem-vinda ao Lote 5!
Infelizmente, neste meu caso querer não é poder. Estou para aqui desterrada num sítio onde os jornais e as revistas demoram o seu tempo a chegar, para além de me parecer que a Atlântico nem sequer deve fazer parte das encomendas das lojas portuguesas.
Mas se tiver a amabilidade de me enviar o texto por e-mail... eu agradeço!
Quanto a achar estranha a dita afirmação, obviamente que achei. Mas fiquei-me por aí, limitando-me a interpretá-la à letras, dada a impossibilidade de obter mais elementos sobre a mesma.
A vida é mais leve quando não temos esse tipo de dúvidas, A. Leitão! :)
É uma forma de ver as coisas, Pitucha. (Espero que a tua mãe não leia este teu comentário com elevado teor de palavrões, mesmo em castelhano...)
Vamos aguardar, Sabine. Hei-de pôr os olhos nesse texto, mais cedo ou mais tarde. Espero que seja mais cedo.
Beijolas a todos!
Carla: eu tambem escrevo (nao se esqueça!)
Carlota: vou seguir o seu conselho.
Obrigada, Carlota! Mas sabe que fiquei a pensar no que levará uma pessoa que habitualmente não lê o que escrevo a escrever tanto sobre uma frase da minha autoria (ainda por cima, fora de contexto). Pronto, são gostos. Nada contra, claro. Continuação de boas bloguices!
sabine: julgo que está equivocada.
Continua a escrever que o sabes fazer de modo excelente.
:)
Para essa dúvida, Charlotte, tenho uma resposta simples. O gosto pela escrita no blog.
Sempre que tropeço numa frase mais "interessante", não perco a oportunidade, desde esteja inspirada e que tenha algum tempo. E faço-o sem grandes preocupações, na medida em que escrever num blog, como digo no meu post, não é a mesma coisa que escrever num jornal ou numa revista.
Votos de continuação de boas bloguices para si também!
Muito obrigada, Um Outro Olhar! :)
Beijola.
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Carlota, parece-me muito saudável o gosto pela escrita. Seja onde for! Só talvez nas paredes na rua... bom, divago! Um bom resto de dia para si.
Uau!!! vou uns dias de férias e quando volto... "que barulheira vai na casa da minha vizinha!!" :))
Isto é que são novidades!
Mas já agora... há algma hipótese de ter acesso ao texto? É que eu, embora não desterrado, não vivo propriamente num local de fácil acesso a alguns meios de comunicação e gostaria muito de saber do que se fala concretamente.
Cordiais cumprimentos a todos e um beijinho especial à dona da casa ;)
'Tá Difícil, desculpa se o barulho te incomodou. Sabes que estas paredes de hoje em dia não são feitas como antigamente... :)
Outra beijola para ti.
Tenho mais uma teoria sobre este assunto.
Quando a Carla Hilário Quevedo escrevia na revista "Única", eu costumava ser masoquista e tentava ler o que esta menina escrevia. Era extremamente difícil conseguir chegar ao fim do pequeno texto de nada que ela escrevia, porque realmente não se percebia o que ela queria dizer.
Era realmente muito mau e não me admirou nada que ao fim de um ano a direcção do Expresso a tivesse mandado dar uma volta.
Esta introdução é o pilar da minha teoria, como a Carla Hilário Quevedo, escreve tão mal e quer ter desesperadamente a atenção como mulher, toca a escrever «mulher que é mulher escreve mal», portanto não restam dúvidas que CHQ se afirma como mulher, diria mesmo, segundo a teoria dela, é praticamente a EVA.
Um abraço.
Olá Carlota,
Eu li o texto da Carla, e posso-te enviar amanhã uma imagem da página por e-mail... se encontrar a revista :). Mas posso desde já adiantar que essa frase tem um tom claramente irónico.
Passo a citar um fragmento do texto da Carla, que me parece esclarecedor:"Agora sabemos o que andam os homens a fazer na blogosfera - a atirar pedras uns aos outros - resta saber o que aí fazem as mulheres. Sim, porque não podem simplesmente estar a escrever. Duh! Mulher que é mulher escreve mal, pensa pior e chateia meio mundo e o outro com as suas lamúrias e angústias amorosas»
Beijinhos
“Há 31 anos, numa hora de aperto, alguns militares fizeram um Golpe de Estado e melhoraram a carreira: um tornou-se terrorista, assaltou bancos e safou-se da prisão à conta do Presidente amigo; outros abriram empresas em Angola e participaram no saque, sendo agora burgueses ricos e gordos; outros fizeram tudo para apagar o rasto de assassinos e foram para a extrema esquerda defender os trabalhadores; os restantes desapareceram no meio da multidão” – Dra. Kity in “O Eterno retorno”, Revista “Espírito”, nº 19, 2005.
www.riapa.pt.to
Que interessante teoria, Armando!
:)
Beijola
Mas ó Charlotte, porque é que nao publica o texto no seu blogue? Eu tambem nao tenho acesso 'a Atlantico. Estou curiosa, se bem que nao morro como o gato.
Obrigada pela oferta, André, mas ainda ontem alguém igualmente gentil teve a amabilidade de mo enviar.
A verdade é que só com grande esforço consigo vislumbrar ironia no extracto que transcreves onde se insere a frase que mencionei.
E isto por causa do que é dito antes (quando é feita a distinção entre as "guerreiras da blogosfera" que escrevem posts e as outras: as mulheres que comentam os posts dos outros com "(os) resultados vergonhosos, (o)humor inexistente e (a) figura mais que ridícula") e por causa do que é dito imediatamente depois, sem sequer ser feito parágrafo ("Agora que falo no assunto, lembro-me de inúmeros blogues de mulheres ocupados pela lamúria, pelo desgosto e pelo ressentimento. Não é que me pareceram sempre blogues sem alma?")
Acresce a isto a necessidade da autora de, de depois de dar umas tantas no cravo, dar outras quantas na ferradura, ainda que ironicamente (aí sim) no penúltimo parágrafo e no fim do último.
De qualquer das formas, não me parece que o texto esteja muito bem escrito. Algumas das ideias expostas têm graça, mas é confuso e de difícil percepção, algo que deixa a desejar para o nível que seria de esperar de alguém que escreve em jornais e/ou revistas à venda ao público.
E nada mais havendo a declarar, declaro encerrada a audiência. Lavre-se acta e notifiquem-se as partes! :))
(Sempre quis ser juiz em causa própria. LOL!)
Beijola
Bem-vinda ao Lote 5, Abrunho!
Quem espera sempre alcança.
Beijola
Céus, pela teoria dela és mesmo tão pouco feminina...vai um after shave?
Bem, ela conseguiu que a comentássemos...
Beijo, hoje é 25 de Abril e diz um amigo meu que a democracia possibilita a cada idiota dizer exactamente o que lhe apetece. Celebremos!!!
Não li todos os comentários e corro o risco de ser repetitivo.
A minha ideia é totalmente contrária...
Celebremos, 125 Azul!
Não é grave repetir, Araj.
Beijolas a ambos.
Generalizar é sempre um exercício redutor ;-)
Beijos
Conseguiste fazer a única generalização acertada, Periférico!
Beijola
Caríssimos,
estive a ler o texto e acho sinceramente que aquilo tudo é... brincadeira.
É a minha opiniao. Deitem pedras, mas aquilo tudo, naquele texto, é uma piada.
Nao é possivel ver onde pára a opinao verdadeira dela ou nao. Aquele "alegada" no início até dá um vislumbre (mas incerto) de que ela acha que nao há diferença entre blogues feitos por homens ou mulheres e depois vai por ali abaixo a disparatar na desportiva.
Beijos.
Agora vou vestir a armadura. He he he...
Aquele trecho de CHQ está cheio de ironia, sentido de humor refinado. :) E sou uma das leitoras do Bomba e gosto. :) Gosto do que se escreve por lá e principalmente por causa da ironia e dos momentos de loucura «gato varandas». :)
Todas as generalizações são perigosas incluindo esta.
Bem-vindo ao Lote 5, Luis!
Eu sabia que já por cá tinhas andado, mas sem te manifestares... aqui.
:)
Beijola
Eu nao sou leitora do Bomba porque nao acho piada. Alem disso, a tal crónica, mesmo que eu identifique o texto como irónico e brincalhao, nao me tira o minimo sorriso. É aborrecido. Mas sempre tomei isso como diferentes sentidos de humor.
O meu sentido de humor vai mais na linha Mexia (Estado Civil) e Afonso Bivar (Bombyx Mori). Sintonizo completamente.
Obrigada pelos teus comentários Abrunho.
A ver se tenho tempo de passar por esses blogs de que falas.
Beijolas
;-)
Carlota:
Com os teus instintos subversivos, eu não faço cá nada!
Já subverti o teu comentário num elogio, Luis.
:)
É o que eu digo: não há condições!
jolas!
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