Estímulo à hipocrisia
O Vaticano queixou-se da ausência do primeiro-ministro espanhol na missa celebrada pelo Papa em Valência, no passado fim-de-semana. O porta-voz do Vaticano chegou a afirmar que nem os piores anti-cristos, como Daniel Ortega, Fidel Castro ou Jaruzelski, cometeram semelhante afronta.
Tenho de confessar que às vezes a minha imaginação tem asas, mas nunca me tinha ocorrido a possibilidade de a Igreja Católica apontar qualquer um destes três senhores como exemplos a seguir.
posted by Carlota at 11:00 da tarde
29 Comments:
Ai Carlota, os caminhos por onde nos metes, a nós, teus fiéis comentadores...
Nem sei que te diga!
Olha, desejo-te as boas-noites, sem hipocrisia alguma.
Beijos
Quando ouví a entrevista ao dito porta-voz nunca me ocorreu essa tua observação.
Muito bem visto carlota! É realmente hipócrita, ou pelo menos demagógico.
Mas não são caminhos muito vertiginosos, Pitucha... :)
É verdade, Patch. Digamos que o porta-voz não foi nada feliz neste comentário... :)
Beijolas aos dois.
Carlota
Vertiginosos não diria, mas cheios de armadilhas...
E agora, mais uma vez sem hipocrisia, desejo-te bom-dia.
Beijos
Bem, lá porque o senhor os tem no sítio e toma decisões que incomodam, não é caso para o transformar num monstrinho.
Desta vez não concordo contigo, Pitucha. O que também não deixa de ser 'saudável', não é? :)
Há argumentos válidos, Nokas - como o teu -, que não funcionam perante determinada categoria de pessoas... Paciência. :)
Beijolas a ambas.
Caso para dizer ao que eles chegaram carlota.
=)
Sem comentários...
Beijinhos.
Vim aqui para por causa do link na Pitucha e gostei do debate.
A Igreja Católica é mais vezes infliz do que feliz e aí é que está o mal. Começou muito mal com a eleição deste papa, mas enfim...
Beijos Volto de certeza
Quem manda não ir à missa se o senhor veio de propósito de Roma que ainda é um esticão?
(Assim está o meu humor hoje, dia em que morro de tédio e de calor e não há nada que me anime. Quem manda ter ficado a conversar até às 2 da manhã?).
Beijinhos,
Margot
Eu acho delicioso, a sério. As voltas que o mundo dá... mas eu sou muito critíca em relação à Igreja Católica, aliás é um tema sobre o qual vou escrevendo com alguma frequência. Bjs
Eu aposto que ainda conseguem ir mais longe, Rafarela! Já nada me espanta.
Às vezes é melhor assim, A lice! ;)
Bem vinda ao Lote 5, Anamoris! E se vens "recomendada" pela Pitucha, és duplamente bem vinda! ;)
Sim, Margot, vê-se que o teu humor está pelas ruas da amargura. Vê se hoje o mandas p'rá cama cedo... :)
Pois no meu caso, Papalagui, é um tema sobre o qual evito escrever. Aliás, acho que é a primeira vez que abordo o assunto aqui, mas não consegui resistir a dizer o que pensava. Às vezes, acontece... :)
Beijolas a todas.
Crítica!!!!
Ai, ai :(
Ai, ai, ai, Papalagui! :D
(Já vi coisas piores...)
A ausência de Zapatero remete para uma forma modernaça de estar na vida. Misturam-se convicções e ideais políticos e religiosos com as mais elementares regras de educação que Zapataero não tem. Zapatero tem uma preocupação dominante em manter uma matriz em voga de desconstrução e, pelo que tenho lido e observado, não tem capacidade de perceber os caminhos tortuosos que está a trilhar, podendo vir a ser inclusivamente co-responsável pela desagregação do Estado Espanhol. A atitude dele, repito, é apenas de falta de educação. O nosso presidente Sampaio é agnóstico, foi, inclusiva e vilmente desrespeitado por um idiota representante da igreja Católica por ser casado duas vezes e não pela Igreja e nem por isso deixou de assistir a ofícios religiosos e funerais, sempre que os deveres protocales o exigiam. Zapatero devia ter feito o mesmo. Em sinal de respeito pela figura do Papa enquanto Papa e enquanto Chefe de Estado do Vaticano. Tudo o mais é pólvora seca e para consumo do PSOE que neste tipo de coisas é muito, mas muito, pior que o nosso inocente PS.
Desculpa tanto espaço (eu, que nem à missa vou...) mas acho que as relações entre Estados mereciam mais respeito. E Zapatero não o teve, Porque é assim. Modernaço, irresponsável e politicamente correcto. De resto, a atitude dele até pode ter caído muito bem, sobretudo em quem acha à partida que a Igreja católica foi muito infeliz (como a tua comentadora Anamoris, que eu cumprimento daqui mas com quem discordo pela forma simplista como ela classifica a Igreja por ter eleito um Papa de quem ela e a esquerda, aparentemente, não gostam) por ter escolhido Ratzinger .
Finalmente, a menção a Castro, Ortega e Jaruzelski inscreve-se exactamente na ideia de que pelo facto de serem agnósticos (independentemente de pelo menos dois deles serem uns refinados fdp, pardon my french) não deixaram de comparecer a um dever de protocolo de Estado.
Beijola para ti e desculpa o arrazoado, mas não gosto daquele castelhano enfezado, enfatuado e com pretensões a intelectual de pacotilha.
:))
Beijolas, beijolas e beijolas :)
ironias do destino , I guess!
... acalorada conversa!!
Eu cá tomo empresta-dadas as palavras do Espumante (que se fartou de borbulhar nesta caixa de comentários!), as seguintes:
a menção a Castro, Ortega e Jaruzelski inscreve-se exactamente na ideia de que pelo facto de serem agnósticos (independentemente de pelo menos dois deles serem uns refinados fdp, pardon my french) não deixaram de comparecer a um dever de protocolo de Estado.
E ... beijolas! ;)))
Sinapse
pois, a igreja e as suas contradições
não fosse ela feita por homens ...
:)
A igreja e a sua mesquinhes...
Sabes, Espumante, acho que a distância que tenho relativamente a todos e quaisquer comportamentos do Zapatero ou das suas convicções e políticas pode facultar-me uma visão mais objectiva dos factos.
Ainda que ele possa ser mal-educado e/ou motor da desagregação de Espanha, parece-me que neste caso há que separar as águas.
Segundo o que li nos jornais, o Zapatero recebeu o Papa no aeroporto de Valência, cumprimentou-o e reuniu com ele (aqui está o cumprimento do protocolo e das regras da boa educação).
Depois, exerceu o seu direito de não assistir a uma missa celebrada pelo Papa (aqui está o exercício do direito de liberdade religiosa e o princípio da separação dos poderes político e religioso).
Nas palavras do Vital Moreira (um bom constitucionalista de quem às vezes discordo, não sendo este o caso), Num Estado aconfessional, os governantes podem seguramente participar em cerimónias e ofícios religiosos, desde que a título pessoal, no exercício da sua liberdade pessoal e religiosa de crentes (ou não); não é por serem governantes que perdem tal liberdade. O que não podem, nem devem, é misturar a sua qualidade oficial e as suas funções de representantes do Estado com cerimónias de uma Igreja, seja ela qual for.
(...)
A separação entre a esfera do poder político e a esfera religiosa não visa somente respeitar e assegurar a independência do Estado face à Igreja Católica e às religiões em geral (aliás constitucionalmente imposta). Trata-se também, e não menos importante, de respeitar e assegurar a liberdade e autonomia daquelas perante o Estado, sem as quais não existe verdadeira liberdade religiosa nem pluralismo religioso.
Esta é a parte jurídico-constitucional da coisa. Depois vem a parte da crítica à Igreja Católica que, apesar de ser normal vinda de quem vem, não deixa de ser interessante. Não vou reproduzi-la aqui na totalidade, mas vou deixar só um cheirinho:
A descabelada censura feita ao primeiro-ministro espanhol revela a dificuldade com que o Vaticano continua a lidar com o seu afastamento da esfera do poder temporal, reflexo da sua vocação "constantiniana", nunca abandonada. A Igreja quer o Estado na sua liturgia justamente pela mesma razão por que está sempre disponível para participar nas cerimónias do Estado, e mesmo no próprio poder.
Aproveito para te agradecer a oportunidade de troca de impressões sobre o assunto. O Chefe está ausente e o Migas não me daria troco se eu lhe lesse o meu post. :))
Beijola.
Ou sinais dos tempos, Boleia... :)
Sinapse, espreita a resposta ao Espumante, s.f.f.
Sendo que alguns se julgam super-homens, Um outro olhar. E todos sabemos que a vida não é um cinema.
... que nos quer contagiar, Araj.
Beijolas a todos.
Amen! O Senhor seja louvado! Mas o Reino dos céus não é dos bem aventurados pobres de espírito? Ratzzinger está garantido... beijinhos
Se o dizes, 125 Azul... :)
Beijola.
Ora nem mais!! Padralhada é só merda!
P. S. Lote 5º, 1º Drt?... acho que já vivi aí... :)=
Carlota, aceito o teu reparo de que o que escrevi possa estar um pouco inquinado pela minha feroz antipatia por Zapatero (atenção que esta antipatia tem apenas a ver com o seu posicionamento político e com a forma como ele tem conduzido as suas políticas, brandindo os tiques próprios do Partido e nunca como pessoa, não conheço o homem e respeito toda a gente). Quanto a Vital Moreira, habituei-me a colocar reservas muito sérias sempre que ele emite opiniões. Por várias razões, algumas delas muito objectivas em relação aos temas tratados, outras porque sou mais velho do que tu e ainda me lembro de muito do que ele disse e fez há cerca de 20 anos atrás (um bocadinho`à semelhança do que sinto por Saramago em quem nunca consigo dissociar o seu engenho literário da sua acção política). Voltando a Vital Moreira, o que digo é compatível em pleno com as suas reconhecidas capacidades como constitucionalista, daí que as vertentes técnicas e jurídicas da coisa podem estar todas muito certas, sem embargo da minha sensibilidade e opinião. Já a "reacção descabelada do Vaticano" me parece um pouco na linha da teoria da conspiração muito comum nos partidos comunistas europeus em geral e no PCP em particular. Posto isto resta-me dizer que não conheço em pormenor as reacções do Vaticano à ausência de Zapatero a uma missa. No fundo no fundo, o que quis transmitir foi o meu convencimento pessoal de que a atitude de Zapatero tem mais a ver com um salamaleque à esquerda do que com a sua liberdade pessoal. E mesmo institucional, porque não vejo como a sua presença pudesse alimentar a ideia de que a Igreja pretende perpetuar os Estados na sua esfera litúrgica. Ao contrário de outras confissões religiosas, como sabes.
Beijola para ti e troca impressões com o Migas sobre estes comentários todos :))
Eu abstenho-me de mais comentários ... dado que nem sei quem é o Vital Moreira ... ;)))
Beijinhos, boa noite,
Sinapse
Acordei, vim aqui e vejo a conversa animada!
Assistir a uma missa, pode ser um acto de fé ou apenas um acto de respeito como por exemplo assistir a missas de 7º dia ou de funeral, ou até associadas a eventos sociais, missas provocadas por umas bodas de prata, por um casamento ou qualquer outra razão.
Não conhecendo o Zapatero, não sendo espanhol e não sendo católico subserviente, estou à-vontade para comentar esta insólita declaração.
Creio que o senhor Zapatero fez aquilo que muitos fazem quando têm de estar presentes nesses eventos, e, não sendo católicos, optam por ficar nos adros das igrejas a fumar um cigarro ou a dar dois dedos de conversa.
Se o Zapatero o tivesse feito ficaria o Papa e seus acólitos mais satisfeito?
Por outro lado, parece-me que esta declaração da Igreja Católica Apostólica Romana, foi apenas mais um triste ressaibo dos muitos a que a hierarquia católica, por vezes, não consegue furtar-se por mais que se esforçe por se mostrar moderna.
Mas tomem-se umas "Rennies" e a indisposição passa.
Fico apenas um pouco triste por ver que, para alguns, é mais importante que um sanguinário ditador se sente a assistir a uma missinha, do que importarem-se de ter por companheiros de oração tão hediondas companhias.
Xis-corações cá do Norte liberal e conservador mas de olhos bem abertos.
Bem vindo ao Lote 5, Klatuu!
Mas deixa-me discordar do teu comentário. Tanto quanto à forma, quanto como ao conteúdo.
Pois também eu, Espumante, desconheço o que esteve na origem da ausência do Zapatero.
Por outro lado, é verdade que só acompanho as 'teorias' do Vital Moreira desde os tempos da faculdade e as suas tomadas de posição há menos tempo do que isso, mas garanto-te que, desde muito pequena, sempre tive especial simpatia pela teoria da conspiração de que falas, apesar de essa simpatia, garanto-te, não ter tido origens políticas.
Vou tentar trocar umas impressões com o Migas sobre isto logo à noite, a ver se ele adormece mais depressa... :))
Os meus argumentos passavam precisamente por aí, Teresa. Estamos em sintonia. :)
E eu que não encontro na net qualquer biografia dele, Sinapse...
Foi uma boa maneira de começar o dia, Teófilo?
Estou de acordo com o que afirma e gostei especialmente da sua última frase. A Igreja, que devia ser guardiã da fé e ser a primeira a dar o exemplo aos seus fiéis, prefere viver de aparências, desvirtuando todo o sentido da fé propriamente dita. E o pior é que isto acontece com mais frequência do que a que seria de desejar e relativamente a um vasto leque de assuntos.
Beijolas a todos.
Ai, ai tanta discussão.
Acho que vou sair mas deixo também a minha mensagem.
O Sr. Zapatero podia educadamente ter assitido à missa.
Esta discussão é saudável, Pata! :)
Beijola.
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