segunda-feira, março 12, 2007

Igualdade de oportunidades


Ela sonhava com uma carreira profissional de sucesso.

Esforçar-se-ia durante os anos da universidade e talvez conseguisse ser convidada para dar aulas depois do curso. Tentaria a todo o custo o mestrado e o doutoramento. E a ideia era conciliar tudo com o trabalho num gabinete, sozinha ou com colegas, e, claro, a vida familiar. Queria ter, pelo menos, quatro filhos.


Ele ambicionava uma vida calma e familiar.

Claro que tiraria um curso superior! Os pais nunca lhe perdoariam se assim não fizesse. Mas a ideia era mesmo ficar por casa, tratar dos filhos, cozinhar-lhes deliciosas refeições, levá-los ao parque, ir pô-los e buscá-los à escola... Talvez depois pensasse em meter-se num negócio, mas em primeiro lugar estavam as suas ambições familiares. Queria ter, pelo menos, quatro filhos.


Um dia, ela e ele conheceram-se e, alguns tempos passados, casaram-se um com o outro. E assim puderam ser ambos felizes e cumprir as suas ambições.


Já ninguém fica chocado com os dois primeiros parágrafos do texto supra, mas o mesmo não pode dizer-se dos dois segundos, pois não?... Independentemente de se se tratar de um homem ou de uma mulher, acrescentaria eu.

A verdade é que toda a gente reparará num homem que se dedica em exclusivo ao lar e aos filhos, porque não tem ou porque abandonou quaisquer ambições de carácter profissional. Mais do que isso, este homem será olhado de lado e com desconfiança por alguns, que comentarão que não tem vergonha, vive à conta da mulher!

A mesma situação passa-se já relativamente a mulheres que, porque podem e querem, optam por ficar em casa a tratar dos filhos, enquanto são os maridos a prover pelo sustento do lar. Há alguns anos atrás, era uma situação normal. Hoje em dia, algumas mulheres sentem-se obrigadas a entrar no mercado de trabalho e a abandonar os seus filhos e a sua ambicionada vida caseira.

Contudo, há quem queira viver de forma diferente e consiga ser feliz. Contra os augúrios dessa praga de machistas e de feministas, esses ditadores sociais que insistem em determinar os padrões de comportamento adequados às suas mentes amodorradas.

13 Comments:

Blogger Mikas said...

Noutro dia em conversa com o meu companheiro cheguei à conclusão que ele não acharia muita graça se quando tivermos filhos eu ficasse em casa para além da licença de maternidade....

março 12, 2007 4:52 da tarde  
Blogger Pitucha said...

Erro de perspectiva. Na Suécia o teu texto seria visto como perfeitamente normal. Presumo que o mesmo se passasse na Finlândia. Quiçá também na Noruega.
Beijos

março 12, 2007 4:57 da tarde  
Blogger C_mim said...

125_azul mada avisar que desde que mudou para a versão superbeta do blogger não consegur postar comments nem como anónima...

bolas - dassss... diz ela ;)

Prontes... já dei recado

março 12, 2007 10:32 da tarde  
Blogger Carlos Malmoro said...

Só te posso dar razão, mas toda a razão do mundo, depois de ouvir na rádio um ouvinte a ser completa e literalmente enxovalhado, depois de dizer no ar que tinha um bom casamento. A autora do enxovalho foi a actriz Margarida Marinho que gozou(no detestável sentido da palavra) com o ouvinte dizendo coisas muito modernas como «isso já não existe», «tenha coragem em assumir os seus erros e dizer os pecados que cometeu no matrimónio» (cito de cor, mas o sentido foi este)...enfim uma completa obscenidade...Isto passou-se na Prova Oral da antena 3, e a actriz estava a promover uma peça dela. Muito moderna...[nota: vou ver se consigo arranjar o podcast e colocá-lo-ei lá no caixa...aquilo foi horrível demais...] beijocas

março 12, 2007 11:59 da tarde  
Blogger a.leitão said...

Convenhamos que a Felicidade só se consegue em comunhão com aquilo que gostamos e amamos.
A célula familiar tem por base estes dois pressupostos. Deveria ser nessa mesma célula que deveriam ser definidas as prioridades, as cedências, os meios, os objectivos. A cada um a sua razão. As críticas, as ambiguidades adveem habitualmente de quem não tem capacidade para delinear a própria Felicidade e dos seus.
O grande problema não está em saber quem contribui materialmente mas na capacidade de amar.
A falta de políticas viradas para a família e ver nela um elemento fundamental da sociedade tem levado ao que Carlos Malmoro descreveu.

março 13, 2007 1:42 da manhã  
Blogger Jana said...

Não falando de outros países, pk n conheço cm será a situação, principalmnt os nordicos. Mas por aqui, no rectangulo, nos temos o triste habito de ser modernaços e só mudar por fora, mas interiormente constinuarmos a cultivar os valores mais tradicionais...e por isso mesmo, é que se um homem não assumir a sua dita função de sustento do lar nós estranhamos; as próprias mulheres, caso levem um estilo de vida diferente, são apontadas: ate pk é mais facil aceitar k uma mulher trabalhe, desde que não decore o seu pepel no seio da familia!
Enfim, a minha vontade de aprendiz de sociologa de falar é grande sobre este assunto.... m esta pode ser uma questão, que mude c o renovar de gerações, pois a maior parte do problema reside numa questão de socialização,mas não só,o fenomeno é mais complexo que isso!
Beijos que o commentja vai grande!

março 13, 2007 3:46 da tarde  
Blogger Carlota said...

Os acordos dos casais em variadíssimas matérias, Mikas, são, como sabemos, difíceis de alcançar. Sobretudo quando têm implicações financeiras, como é o caso de que falas...

Eu sei, Pitucha, eu sei... (suspiro)

Sim, já percebi. A Margarida Marinho investiu todo o seu bom senso na peça. Esperemos que valha a pena... É com um outro actor conhecido, não é?... Não é o Paulo Pires?... Ou outro assim com bom aspecto?... Acho que me lembro de ter visto qualquer coisa, lá está, na TV, acerca disso. :)
Se encontrares o registo audi, Carlos, diz-me qualquer coisa, s.f.f.

Oh, A. Leitão, estou completamente de acordo com as suas palavras! Completamente!

És uma aprendiz de socióloga, mas cheia de notoriedade, Jana! :)

Beijolas a todos.

março 13, 2007 4:38 da tarde  
Blogger Carlota said...

Ó Cêzinha, quase que me esquecia de te responder.
Já sabia o que se passava com a 125 porque li no blog do Espumante.
Não podes ajudá-la a resolver esse problema?...
Obrigada pelo recado!!!
Beijola

março 13, 2007 4:42 da tarde  
Blogger Mónica Lice said...

Ainda bem que há casais que não têm problemas de ir contra a corrente!:)

**

março 13, 2007 8:36 da tarde  
Blogger NoKas said...

Igualdade de oportunidades e opção de escolha. Assim é que era bom!

março 14, 2007 2:07 da tarde  
Blogger AEnima said...

Chamam-me muitas vezes feminista por advogar melhores condicoes para as mulheres triunfarem no mercado de trabalho. Mas nao e' verdade. Advogo isso sim, mas para que as mulheres e homens tenham igual oportunidades de ESCOLHA do que querem fazer na vida. Tambem advogo que o pai possa tirar os 4 meses de licenca de paternidade em vez da mae. Sou separada, mas quando nao o era, eu assumia literalmente o papel de provedor da familia, trabalhava o sobro do que ele trabalhava e ganhava o dobro tambem. Ele gostava de tratar da casa e de fazer as compras de supermercado e eu felicissima porque detestava essas tarefas. Nunca o acusei de viver as minhas custas. A minha irma e' o meu oposto. Desiste da carreira para seguir um homem. Os meus avisos contra nao sao porque esta a desistir disto ou daquilo mas porque tenho medo que se magoe num amor incerto, que se revelou ser mesmo isso. No dia em que encontrar alguem que goste dela sou a primeira a dar-lhe forca para deixar o emprego!

março 25, 2007 6:37 da manhã  
Blogger sabine said...

Cara Carlota: Sou solteira e ambiciono por uma familia. No entanto, acho que lutar por mais igualdade de oportunidades no trabalho para as mulheres não é ser louca. Lamento que trates o feminismo como uma luta sem importância.

março 25, 2007 4:03 da tarde  
Blogger Carlota said...

Há equilíbrios são muito difíceis, e por vezes impossíveis de alcançar, Aenima.

Não percebo, Sabine, como é extrapolaste essa conclusão do texto deste post. Ou, para ti, tudo o que é advogado pelas feministas é bom, assim, sem mais, e levaste a mal a expressão "praga de (...) feministas"?

Beijolas às duas.

março 26, 2007 3:11 da tarde  

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