quinta-feira, julho 20, 2006

Troca de seringas nas prisões


No Público de ontem.
O grupo de trabalho nomeado pelos ministros da Justiça e da Saúde para estudar o problema da droga nas prisões entrega amanhã o relatório final: recomenda que a troca de seringas seja alargada a todas as prisões. (...)
Tal como nas farmácias, os peritos recomendam que em troca da entrega de uma seringa velha o recluso receba, nos postos clínicos das prisões, uma seringa incluída num kit de consumo asséptico. Preconiza-se ainda que em algumas prisões, menos de cinco, existam ao mesmo tempo máquinas de distribuição de seringas. O objectivo é que os reclusos que não se queiram expor como consumidores de droga possam fazer a troca impessoal numa máquina. Inserindo uma seringa velha recebem uma nova.(...)
Pois... E o rabinho lavado com água-de-malvas?

25 Comments:

Blogger Pitucha said...

Ó Carlota! (Vês que usei bem o Ó!?)
As coisas não são assim tão simples!
Mas olha, não me apetece entrar em debates públicos! Digo-te só que a acérrima defensora dos direitos do homem que há em mim aceita discutir a questão em bilateral caso te interesse...
Beijos

julho 20, 2006 12:43 da tarde  
Blogger Carlota said...

Eu sei que as coisas não são simples, Pitucha.
Mas, para alguns, o problema do consumo de droga dentro das prisões portuguesas (que, não vá alguém ter-se esquecido, é ilegal) parece simples de resolver. Distribuam-se seringas.
Os traficantes agradecem.
Beijola.

julho 20, 2006 12:49 da tarde  
Blogger Carlota said...

Ah! E, obviamente, estou disposta a escutar os teus argumentos... :)
Outra beijola.

julho 20, 2006 12:50 da tarde  
Blogger patchouly said...

Ó Carlota (gostei da interjeição! ;)) eu nas prisões tanto me faz que não os vejo (insensível e cruel indiferença, eu sei), mas aqui na rua onde trabalho incomoda-me ver farrapos humanos (farrapos MESMO) a arrastarem-se, a fumarem chinesas e a espetarem agulhas nas veias de manhã, à tarde e à noite, em qualquer portão de garagem, dentro de carros a cairem de podre, ou até entre carros, sentados no passeio. Preferia de longe que satisfizessem os seus vicios privados de forma mais recatada, e já agora, que lhes tratassem de arrajar roupinha ou um banho ocasional. É ilegal o que fazem? É sim. É assumir a falência do modelo legalista e proibicionista? Provavelmente será. Mas essa falência é real. Que fazer então? Metemos a cabeça na areia reconfortados por estar do lado da lei? (desta vez)

Beijinhos

PS- As minha blogamigas de Bxl hoje resolveram todas escrever post's densos. Acção concertada? :)

julho 20, 2006 2:05 da tarde  
Blogger t-shelf said...

Ai carlota não podia concordar mais...beijos

julho 20, 2006 2:06 da tarde  
Blogger Mónica Lice said...

Torna-se complicado abordar esta questão - o problema existe, mesmo dentro da prisão - mas se calhar deviam pensar em preveni-lo e não em remediá-lo!

Beijinhos.

julho 20, 2006 2:25 da tarde  
Blogger armando s. sousa said...

É institucionalizar o consumo e tráfico de droga dentro das prisões, afinal somos o país dos brandos costumes, por vezes como neste caso, demasiado brandos.
Um abraço.

julho 20, 2006 2:32 da tarde  
Blogger 125_azul said...

Dá-me para não ser democrática nestas merdas (já agora, dá-me para dizer palavrões também)! Como diria Jack, o Estripador, vamos por partes: O consumo de drogas é ilegal neste país; o tráfico idem. Como ela entra na CADEIA? Chama-se política de redução de danos essa coisas das distribuições de seringas e sim, tem que ser!
Trabelhei 12 anos com toxicodependentes e garanto: não há forma de acertar com medidas que não considerm indivíduo a indivíduo, família a família, o que é, obviamente, impossível. Já se avançou alguma coisa, mas BOLAS tracinho SE ou DASSSS, mais rápido, se preferires, dentro DAS CADEIAS???
Vês, dá-me para ser pouco democrática e ...


Beijo

julho 20, 2006 2:33 da tarde  
Blogger Xixao said...

Fecha-se os olhos á ilegalidade em prol da saúde dos reclusos. Deixemo-nos de coisas, afinal a droga existe dentro das prisões, essa é que é essa.

julho 20, 2006 3:38 da tarde  
Blogger SIPO said...

Já agora também podiam pôr os dealers da Rua Escura e do Intendente a traficarem sãos e salvos nos corredores da prisa! É a cumplicidade ao mais alto nível, uma verdadeira pouca vergonha institucional! Ora!!!

julho 20, 2006 4:04 da tarde  
Blogger Sinapse said...

Acho muito bem, Carlota, que ventiles este tema das prisões.

... é que desculpem lá, mas para que raio hão-de então servir as prisões?!

[Pitucha, também sei que as coisas não são assim tão simples ... mas este tema das prisões deixa-me fora de mim ... fico a sinapsar ao contrário!]

Entre outras, esta temática das prisões faz-me ver vermelho ... Fico indignada, irritada, ... muito!

É que custa-me muito, quase me dói, pensar que um criminoso vive em mais conforto na prisão do que famílias inteiras no Sudão.

E não é só no que toca à toxicodependência nas prisões ... é também a televisão nas prisões, é o aquecimento central nas prisões, ... tudo pago com o dinheiro dos contribuintes ... quando o Estado não consegue resolver tantas situações de precariedade e de miséria em que vivem pessoas que não cometeram crimes ... basta ver imagens do bairro da Sé, isto só para dar um exemplo entre muitos - famílias a viver em casas a cair, com bacias e panelas a recolher a água que entra pelos telhados, periclitantes instalações eléctricas, frio e humidade no Inverno, ratos e baratas, ... não preciso de pintar mais o quadro, pois não? Não precisamos sequer de viajar até ao Sudão.
E um gajo viola uma gaja, ou esfaqueia outro, ou mata a mulher, ou dá um encontrão num velho e arranca-lhe a carteira, o velho cai e parte a anca, e o gajo compra uma dose porque o dinheiro do velho não chega para muito mais ... e depois estes gajos encontram-se todos na prisão, por aqui outra vez oh gajo?, têm refeições a horas certas (e nem quero pensar que as refeições possam ter sido desenhadas para o sistema prisional por um nutricionista ao serviço do Estado!), televisão, salas de reflexão, biblioteca, visitas, aquecimento, passeios no recreio, e seringas asseguradas ...

...

ai Carlota, tu desculpa este metralhar ...

... entendem porque não leio jornais, nem vejo telejornais? ... é que, quando lia/via, todos os dias tinha destes ataques de indignação, entre estas e outras temáticas!
... pela minha saúde!

julho 20, 2006 4:18 da tarde  
Blogger Nelson Reprezas said...

Ó Carlota
Eu dividia esta questão em duas partes. Uma terá a ver com um ponto de vista técnico, que não posso naturalmente discutir porque não sou médico. Mas a ser verdade que a interrupção da administração de droga a um toxicómano pode ser letal... pois acho que a droga deve ser administrada nas melhores condições possíveis de higiene. Agora a minha forte dúvida é a seguinte: Se há drogados que por si só conseguiram ser suficientemente fortes para se libertarem da droga e não morreram, porque carga de água é que um drogado não há-de ser deixado em ressaca, ainda que no maior sofrimento físico até a dependência lhe passar? Estou a falar um pouco para o vento porque não sou técnico. Salvaguardando as devidas proporções, enquanto eu achei que deixar de fumar seria óptimo mas não era capaz de parar porque, no fundo, me sabia bem e me sentia mais ou menos bem, no dia em que me assustei, deixei imediatamente de fumar vai para um ano e não precisei de adesivos nem de sessões de terapêutica psíquica. Por outras palavras. Se um drogado for encerrado numa cela de isolamento por, digamos um mês, sem droga, o que é que lhe acontece? Morre? Se morre, pois que lhe dêem droga. Se ele sofre muito mas não morre, pois que sofra porque no fundo estamos a ajudá-lo a libertar-se do flagelo. Agora o que acontece é:
- Se há droga nas prisões é porque há conivência dos guardas prisionais. Não há outra forma.
- Se se fala tanto no assunto é porque há, claro, um punhado de gente oportunista que usa esta questão da droga como arma política para fazer o escarchéu do costume. Tão simples como isso. portanto, no fundo, concordo contigo integralmente se um drogado puder ser privado de droga sem repercussões letais. Se não, concordo com a Pitucha no sentido de que a situação não é assim tão simples de resolver. Embora eu não ache que isto tenha a ver (nem um bocadinho) com direitos humanos. A haver respeito por direitos humanos seria pelas vítimas e não pelos criminosos.
É o que se me oferece dizer antes de te enviar a beijola do costume.

julho 20, 2006 5:05 da tarde  
Blogger Carlota said...

Parece-me extrema, Patch, a ideia da falência do modelo legalista e proibicionista. Afinal de contas, ele funciona para a maioria das pessoas.
Quanto à acção concertada de que falas, parece-me que deve ter sido pura coincidência. Ou então foi efeito da trovoada de ontem à noite. :)

Agora sei quehá muita gente a pensar desta forma, T-Shelf...

Eu teria começado precisamente por aí, A lice!

Exactamente, Armando. E custa ver tanta brandura.

Ó 125, desculpa, mas fiquei um bocadinho baralhada com essa tua falta de democracia. Ou é do calor ou é do calor - :) - porque fiquei sem perceber... Sorry.

Pois existe, MCM. E devia começar-se precisamente por aí. COMO É QUE CONTINUA A HAVER DROGA NAS CADEIAS? Deve ser pelo mesmo motivo que havia corridas de carros na ponte Vasco da Gama: incompetência das autoridades responsáveis!

Devia ter-me lembrado dessa a seguir à água-de-malvas, Sipo! :)

Esse teu metralhar foi lindamente metralhado, Sinapse!
Juro que o próximo post será do género light, que não quero que fiques a ver vermelho. Com este calor, ainda te dava uma coisinha má!... ;)

Ai, Espumante, que comentário tãaaaao grande. Nem sei por onde começar. :)
Talvez por dizer que também não percebo nada de curas de toxicodependentes...
Creio que é necessária a administração de (outras) drogas nas curas, mas não me parece que seja isso que esteja em causa. Não creio que o objectivo seja "curar" os presos toxicodependentes, mas sim diminuir os níveis de contágio de sida e de hepatite nas prisões.
E isso, na minha modesta opinião, devia ser feito, só para preparos, com a prevenção efectiva da entrada das drogas nos estabelecimentos prisionais.

Beijolas a todos.

julho 20, 2006 7:29 da tarde  
Blogger Araj said...

Não li os comentários anteriores…
Mas o consumo de droga não é ilegal… o tráfico de droga não é ilegal… Se nem nas prisões conseguem travar o tráfico de droga como o quererão fazer cá fora… chega de hipocrisia: ou permitem o consumo de droga e a fornecem eles ou então acabem com essa farsa de permitirem o tráfico e consumo nas prisões…

julho 20, 2006 11:53 da tarde  
Blogger tsiwari said...

eu também não sei muito bem o que pensar...

por uma lado, é ilegal. há que respeitar leis, para mais estando onde estão..exactamente por não as respeitar.

por outro lado, há drogas, drogados, problemas de saúde pública...

sabes que mais? faz-me lembrar a questão do aborto.

julho 21, 2006 1:49 da manhã  
Blogger Mónica Lice said...

Boas férias! Até Setembro!

Beijinhos grandes!

julho 21, 2006 2:43 da manhã  
Blogger princesa said...

Bem eu fiquei sem palavras .........

1º o post da Sinapse, agora aqui,...+ os comentários.........

Ó (adorei esta!!!) meus amigos blomingos...!!!!
Hoje é sexta-feira já não tenho mais energia para vos comentar desta maneira........

Acho este tema espetacular e muito controverso...não tenho bases técnicas para argumentar pelo sim e pelo não embora emocionalmente ache que TODOS os que matam, violam, roubam deviam ser punidos e não BEM tratados............

beijinhos

julho 21, 2006 12:07 da tarde  
Blogger Carla Motah said...

Bem, para mim não há controversa alguma. Este tipo de situação é inadmissível. Realmente só falta a lavagem do rabito com água de malvas ou mesmo rosas.
Enfim...

julho 21, 2006 12:31 da tarde  
Blogger rafaela said...

E quem paga a maquinazinha e os consumíveis?

pois claro.

=)

julho 21, 2006 1:29 da tarde  
Blogger Macambúzia Jubilosa said...

Mas estamos a falar de spa´s (lavar o rabinho com água de malvas) para os prisioneiros, ou direito à vida, a condições de saúde e tentar evitar problemas de saúde pública?

É deixa-los morrer com sida e serem todos infectados com Hepatites e outras doenças?

Há droga nas cadeias? sim

Devia de haver? não

Deve-se combater a existência de drogas na prisão? sim

Enquanto isso não acontece, deixamos os prisioneiros ter doenças infecto-contagiosas e morrer? Não

Os prisioneiros (SERES HUMANOS) têm de pagar pela ineficácia e negligência de um sistema que permite a entrada de drogas nas prisões? Não

Podemos apostar na prevenção e na remediação ao mesmo tempo? sim

As duas coisas invalidam-se uma à outra? não

Calculo que nunca tiveram (eu também nunca tive)o azar de ter alguém na família toxicodependente que foi parar à prisão e morreu de sida...

Portanto, os resíduos da sociedade que morram à vontade...

Mas cuidado, pois nesta vida não há certezas absolutas e nada acontece só aos outros.


Desculpem, mas ironias quando se trata de vidas humanas, a mim, indignam-me.

julho 21, 2006 3:37 da tarde  
Blogger C_mim said...

Etá que este post foi animado...

Ora na minha modesta opinião, grande parte do problema reside na distribuição.

A droga é um produto de retalho e quem ganha com o negócio são os distribuídores (traficantes)e são esses que fazem o esforço para que cada vez haja mais consumidores. Se a cadeia de distribuição for interrompida (criar pontos de venda legais, a baixo custo e sobre a tutela do estado/saúde)é possível controlar melhor o seu consumo, prevenir e acompanhar que é viciado.

Salas de chuto? Sim... em definitivo...

julho 21, 2006 8:10 da tarde  
Blogger Carlota said...

O consumo de droga não é crime, Araj, mas o tráfico é.

Sim, Teresa. Desde 2001, acho eu...

De facto, é uma questão complicada, Tsiwari...

Já vais, A lice?... Boas férias!

As sextas-feiras dão cabo de nós, LxExpo!...

Se a coisa vai por aqui, Carla, eles vão mesmo poder escolher o tipo de água...

Ora bem, Rafaela!

Bem-vinda ao Lote 5, Macambúzia J.!
Em resposta às tuas perguntas, pela ordem:
- Sim, estamos mesmo a falar de spas quando nos referimos às trocas de seringas nas prisões.
- Não.
- Sim, é facto conhecido e notório.
- Obviamente que não e essa é uma das questões mais pertinentes.
- Sim e esse devia ser o ponto de partida para a solução do problema.
- É o que tem acontecido ultimamente, não é? Alguém se insurgiu?
- Não. Mas têm então de ser premiados por essa mesma circunstância?
- Obviamente que sim, mas a remediação não pode é passar pelo fornecimento de seringas.
- Não.

E quanto ao resto, eu nunca afirmei achar que se devem condenar à morte os toxicodependentes que estão presos. Pelo contrário, acho é que deviam ser condenados à vida e obrigados a tratarem-se, dentro da prisão.
Agora a solução da troca de seringas, essa sim, é a solução da estância termal ou do spa.


Sim, C_mim, esses traficantes são um verdadeiro cancro.
Quanto às salas de chuto, do meu ponto de vista, são também pequenos spas. Seriam melhor utilizadas a dar apoio aos sem-abrigo.

Beijolas a todos.

julho 22, 2006 2:01 da manhã  
Blogger Teófilo M. said...

Por este caminho teremos o problema da droga resolvido, pois os drogados quererão ir presos para terem direito à drogazita a tempo e horas com o 'kit' a acompanhar...

E, por favor, neste caso não me falem em liberdade, pois não consigo encontrar liberdade num dependente seja do que fôr.

Xis cá do Norte...

julho 23, 2006 1:25 da tarde  
Blogger Macambúzia Jubilosa said...

Eu ainda não li esse relatório para saber se o mesmo apenas preconiza a troca de seringas. A par disso deverá tambem defender outro conjunto de medidas, essas sim, preventivas. Caso não o faça, devia.

A mim o que me custa é esta vontade punitiva em relação aos toxicodependentes. Quanto a mim, a sua própria condição de toxicodepedência é ela própria um castigo às opções erradas que se tomaram. Um toxicodependente perde tudo, inclusive o livre arbitrio. Tudo é compulsão para atingir um fim e tudo o resto fica pelo caminho. Não me parece que se trate, portanto, de premiar seja o que for.

Mas a questão das seringas toca um aspecto fundamental: a SAÚDE PUBLICA. Pois o que está em causa não são apenas os toxicodependentes presos, mas todos os outros presos, as pessoas que trabalham nas prisões e os familiares.

E não nos podemos esquecer que, praticamente todos os prisioneiros vão sair da prisão mais cedo ou mais tarde. E vão voltar para a sociedade. Com doenças ou sem doenças...

Daí ser um problema PÚBLICO, que toca a todos e com o qual todos nos devíamos preocupar.

E alguns desses ex-presos toxicodependentes quando saem da prisão até se tornam sem-abrigo...

julho 23, 2006 7:34 da tarde  
Blogger Carlota said...

Pois é, Teófilo. Meio caminho andado para a (não)resolução do problema... :)

Eu sei que um dos aspectos do problema é de saúde pública, Macambúzia J., mas continuo a achar que esta não é a forma de acabar com ele. O mesmo dirão, com certeza, os guardas prisionais, os presos não toxicodependentes e os familiares dos que o são.

É uma vergonha que se permita a existência de droga nas prisões e essa é a questão fundamental do problema. Não havendo droga, não há seringas a trocar e o assunto fica arrumado.

Beijolas a ambos.

julho 23, 2006 10:55 da tarde  

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