Troca de seringas nas prisões
No Público de ontem.
O grupo de trabalho nomeado pelos ministros da Justiça e da Saúde para estudar o problema da droga nas prisões entrega amanhã o relatório final: recomenda que a troca de seringas seja alargada a todas as prisões. (...)
Tal como nas farmácias, os peritos recomendam que em troca da entrega de uma seringa velha o recluso receba, nos postos clínicos das prisões, uma seringa incluída num kit de consumo asséptico. Preconiza-se ainda que em algumas prisões, menos de cinco, existam ao mesmo tempo máquinas de distribuição de seringas. O objectivo é que os reclusos que não se queiram expor como consumidores de droga possam fazer a troca impessoal numa máquina. Inserindo uma seringa velha recebem uma nova.(...)
Pois... E o rabinho lavado com água-de-malvas?
25 Comments:
Ó Carlota! (Vês que usei bem o Ó!?)
As coisas não são assim tão simples!
Mas olha, não me apetece entrar em debates públicos! Digo-te só que a acérrima defensora dos direitos do homem que há em mim aceita discutir a questão em bilateral caso te interesse...
Beijos
Eu sei que as coisas não são simples, Pitucha.
Mas, para alguns, o problema do consumo de droga dentro das prisões portuguesas (que, não vá alguém ter-se esquecido, é ilegal) parece simples de resolver. Distribuam-se seringas.
Os traficantes agradecem.
Beijola.
Ah! E, obviamente, estou disposta a escutar os teus argumentos... :)
Outra beijola.
Ó Carlota (gostei da interjeição! ;)) eu nas prisões tanto me faz que não os vejo (insensível e cruel indiferença, eu sei), mas aqui na rua onde trabalho incomoda-me ver farrapos humanos (farrapos MESMO) a arrastarem-se, a fumarem chinesas e a espetarem agulhas nas veias de manhã, à tarde e à noite, em qualquer portão de garagem, dentro de carros a cairem de podre, ou até entre carros, sentados no passeio. Preferia de longe que satisfizessem os seus vicios privados de forma mais recatada, e já agora, que lhes tratassem de arrajar roupinha ou um banho ocasional. É ilegal o que fazem? É sim. É assumir a falência do modelo legalista e proibicionista? Provavelmente será. Mas essa falência é real. Que fazer então? Metemos a cabeça na areia reconfortados por estar do lado da lei? (desta vez)
Beijinhos
PS- As minha blogamigas de Bxl hoje resolveram todas escrever post's densos. Acção concertada? :)
Ai carlota não podia concordar mais...beijos
Torna-se complicado abordar esta questão - o problema existe, mesmo dentro da prisão - mas se calhar deviam pensar em preveni-lo e não em remediá-lo!
Beijinhos.
É institucionalizar o consumo e tráfico de droga dentro das prisões, afinal somos o país dos brandos costumes, por vezes como neste caso, demasiado brandos.
Um abraço.
Dá-me para não ser democrática nestas merdas (já agora, dá-me para dizer palavrões também)! Como diria Jack, o Estripador, vamos por partes: O consumo de drogas é ilegal neste país; o tráfico idem. Como ela entra na CADEIA? Chama-se política de redução de danos essa coisas das distribuições de seringas e sim, tem que ser!
Trabelhei 12 anos com toxicodependentes e garanto: não há forma de acertar com medidas que não considerm indivíduo a indivíduo, família a família, o que é, obviamente, impossível. Já se avançou alguma coisa, mas BOLAS tracinho SE ou DASSSS, mais rápido, se preferires, dentro DAS CADEIAS???
Vês, dá-me para ser pouco democrática e ...
Beijo
Fecha-se os olhos á ilegalidade em prol da saúde dos reclusos. Deixemo-nos de coisas, afinal a droga existe dentro das prisões, essa é que é essa.
Já agora também podiam pôr os dealers da Rua Escura e do Intendente a traficarem sãos e salvos nos corredores da prisa! É a cumplicidade ao mais alto nível, uma verdadeira pouca vergonha institucional! Ora!!!
Acho muito bem, Carlota, que ventiles este tema das prisões.
... é que desculpem lá, mas para que raio hão-de então servir as prisões?!
[Pitucha, também sei que as coisas não são assim tão simples ... mas este tema das prisões deixa-me fora de mim ... fico a sinapsar ao contrário!]
Entre outras, esta temática das prisões faz-me ver vermelho ... Fico indignada, irritada, ... muito!
É que custa-me muito, quase me dói, pensar que um criminoso vive em mais conforto na prisão do que famílias inteiras no Sudão.
E não é só no que toca à toxicodependência nas prisões ... é também a televisão nas prisões, é o aquecimento central nas prisões, ... tudo pago com o dinheiro dos contribuintes ... quando o Estado não consegue resolver tantas situações de precariedade e de miséria em que vivem pessoas que não cometeram crimes ... basta ver imagens do bairro da Sé, isto só para dar um exemplo entre muitos - famílias a viver em casas a cair, com bacias e panelas a recolher a água que entra pelos telhados, periclitantes instalações eléctricas, frio e humidade no Inverno, ratos e baratas, ... não preciso de pintar mais o quadro, pois não? Não precisamos sequer de viajar até ao Sudão.
E um gajo viola uma gaja, ou esfaqueia outro, ou mata a mulher, ou dá um encontrão num velho e arranca-lhe a carteira, o velho cai e parte a anca, e o gajo compra uma dose porque o dinheiro do velho não chega para muito mais ... e depois estes gajos encontram-se todos na prisão, por aqui outra vez oh gajo?, têm refeições a horas certas (e nem quero pensar que as refeições possam ter sido desenhadas para o sistema prisional por um nutricionista ao serviço do Estado!), televisão, salas de reflexão, biblioteca, visitas, aquecimento, passeios no recreio, e seringas asseguradas ...
...
ai Carlota, tu desculpa este metralhar ...
... entendem porque não leio jornais, nem vejo telejornais? ... é que, quando lia/via, todos os dias tinha destes ataques de indignação, entre estas e outras temáticas!
... pela minha saúde!
Ó Carlota
Eu dividia esta questão em duas partes. Uma terá a ver com um ponto de vista técnico, que não posso naturalmente discutir porque não sou médico. Mas a ser verdade que a interrupção da administração de droga a um toxicómano pode ser letal... pois acho que a droga deve ser administrada nas melhores condições possíveis de higiene. Agora a minha forte dúvida é a seguinte: Se há drogados que por si só conseguiram ser suficientemente fortes para se libertarem da droga e não morreram, porque carga de água é que um drogado não há-de ser deixado em ressaca, ainda que no maior sofrimento físico até a dependência lhe passar? Estou a falar um pouco para o vento porque não sou técnico. Salvaguardando as devidas proporções, enquanto eu achei que deixar de fumar seria óptimo mas não era capaz de parar porque, no fundo, me sabia bem e me sentia mais ou menos bem, no dia em que me assustei, deixei imediatamente de fumar vai para um ano e não precisei de adesivos nem de sessões de terapêutica psíquica. Por outras palavras. Se um drogado for encerrado numa cela de isolamento por, digamos um mês, sem droga, o que é que lhe acontece? Morre? Se morre, pois que lhe dêem droga. Se ele sofre muito mas não morre, pois que sofra porque no fundo estamos a ajudá-lo a libertar-se do flagelo. Agora o que acontece é:
- Se há droga nas prisões é porque há conivência dos guardas prisionais. Não há outra forma.
- Se se fala tanto no assunto é porque há, claro, um punhado de gente oportunista que usa esta questão da droga como arma política para fazer o escarchéu do costume. Tão simples como isso. portanto, no fundo, concordo contigo integralmente se um drogado puder ser privado de droga sem repercussões letais. Se não, concordo com a Pitucha no sentido de que a situação não é assim tão simples de resolver. Embora eu não ache que isto tenha a ver (nem um bocadinho) com direitos humanos. A haver respeito por direitos humanos seria pelas vítimas e não pelos criminosos.
É o que se me oferece dizer antes de te enviar a beijola do costume.
Parece-me extrema, Patch, a ideia da falência do modelo legalista e proibicionista. Afinal de contas, ele funciona para a maioria das pessoas.
Quanto à acção concertada de que falas, parece-me que deve ter sido pura coincidência. Ou então foi efeito da trovoada de ontem à noite. :)
Agora sei quehá muita gente a pensar desta forma, T-Shelf...
Eu teria começado precisamente por aí, A lice!
Exactamente, Armando. E custa ver tanta brandura.
Ó 125, desculpa, mas fiquei um bocadinho baralhada com essa tua falta de democracia. Ou é do calor ou é do calor - :) - porque fiquei sem perceber... Sorry.
Pois existe, MCM. E devia começar-se precisamente por aí. COMO É QUE CONTINUA A HAVER DROGA NAS CADEIAS? Deve ser pelo mesmo motivo que havia corridas de carros na ponte Vasco da Gama: incompetência das autoridades responsáveis!
Devia ter-me lembrado dessa a seguir à água-de-malvas, Sipo! :)
Esse teu metralhar foi lindamente metralhado, Sinapse!
Juro que o próximo post será do género light, que não quero que fiques a ver vermelho. Com este calor, ainda te dava uma coisinha má!... ;)
Ai, Espumante, que comentário tãaaaao grande. Nem sei por onde começar. :)
Talvez por dizer que também não percebo nada de curas de toxicodependentes...
Creio que é necessária a administração de (outras) drogas nas curas, mas não me parece que seja isso que esteja em causa. Não creio que o objectivo seja "curar" os presos toxicodependentes, mas sim diminuir os níveis de contágio de sida e de hepatite nas prisões.
E isso, na minha modesta opinião, devia ser feito, só para preparos, com a prevenção efectiva da entrada das drogas nos estabelecimentos prisionais.
Beijolas a todos.
Não li os comentários anteriores…
Mas o consumo de droga não é ilegal… o tráfico de droga não é ilegal… Se nem nas prisões conseguem travar o tráfico de droga como o quererão fazer cá fora… chega de hipocrisia: ou permitem o consumo de droga e a fornecem eles ou então acabem com essa farsa de permitirem o tráfico e consumo nas prisões…
eu também não sei muito bem o que pensar...
por uma lado, é ilegal. há que respeitar leis, para mais estando onde estão..exactamente por não as respeitar.
por outro lado, há drogas, drogados, problemas de saúde pública...
sabes que mais? faz-me lembrar a questão do aborto.
Boas férias! Até Setembro!
Beijinhos grandes!
Bem eu fiquei sem palavras .........
1º o post da Sinapse, agora aqui,...+ os comentários.........
Ó (adorei esta!!!) meus amigos blomingos...!!!!
Hoje é sexta-feira já não tenho mais energia para vos comentar desta maneira........
Acho este tema espetacular e muito controverso...não tenho bases técnicas para argumentar pelo sim e pelo não embora emocionalmente ache que TODOS os que matam, violam, roubam deviam ser punidos e não BEM tratados............
beijinhos
Bem, para mim não há controversa alguma. Este tipo de situação é inadmissível. Realmente só falta a lavagem do rabito com água de malvas ou mesmo rosas.
Enfim...
E quem paga a maquinazinha e os consumíveis?
pois claro.
=)
Mas estamos a falar de spa´s (lavar o rabinho com água de malvas) para os prisioneiros, ou direito à vida, a condições de saúde e tentar evitar problemas de saúde pública?
É deixa-los morrer com sida e serem todos infectados com Hepatites e outras doenças?
Há droga nas cadeias? sim
Devia de haver? não
Deve-se combater a existência de drogas na prisão? sim
Enquanto isso não acontece, deixamos os prisioneiros ter doenças infecto-contagiosas e morrer? Não
Os prisioneiros (SERES HUMANOS) têm de pagar pela ineficácia e negligência de um sistema que permite a entrada de drogas nas prisões? Não
Podemos apostar na prevenção e na remediação ao mesmo tempo? sim
As duas coisas invalidam-se uma à outra? não
Calculo que nunca tiveram (eu também nunca tive)o azar de ter alguém na família toxicodependente que foi parar à prisão e morreu de sida...
Portanto, os resíduos da sociedade que morram à vontade...
Mas cuidado, pois nesta vida não há certezas absolutas e nada acontece só aos outros.
Desculpem, mas ironias quando se trata de vidas humanas, a mim, indignam-me.
Etá que este post foi animado...
Ora na minha modesta opinião, grande parte do problema reside na distribuição.
A droga é um produto de retalho e quem ganha com o negócio são os distribuídores (traficantes)e são esses que fazem o esforço para que cada vez haja mais consumidores. Se a cadeia de distribuição for interrompida (criar pontos de venda legais, a baixo custo e sobre a tutela do estado/saúde)é possível controlar melhor o seu consumo, prevenir e acompanhar que é viciado.
Salas de chuto? Sim... em definitivo...
O consumo de droga não é crime, Araj, mas o tráfico é.
Sim, Teresa. Desde 2001, acho eu...
De facto, é uma questão complicada, Tsiwari...
Já vais, A lice?... Boas férias!
As sextas-feiras dão cabo de nós, LxExpo!...
Se a coisa vai por aqui, Carla, eles vão mesmo poder escolher o tipo de água...
Ora bem, Rafaela!
Bem-vinda ao Lote 5, Macambúzia J.!
Em resposta às tuas perguntas, pela ordem:
- Sim, estamos mesmo a falar de spas quando nos referimos às trocas de seringas nas prisões.
- Não.
- Sim, é facto conhecido e notório.
- Obviamente que não e essa é uma das questões mais pertinentes.
- Sim e esse devia ser o ponto de partida para a solução do problema.
- É o que tem acontecido ultimamente, não é? Alguém se insurgiu?
- Não. Mas têm então de ser premiados por essa mesma circunstância?
- Obviamente que sim, mas a remediação não pode é passar pelo fornecimento de seringas.
- Não.
E quanto ao resto, eu nunca afirmei achar que se devem condenar à morte os toxicodependentes que estão presos. Pelo contrário, acho é que deviam ser condenados à vida e obrigados a tratarem-se, dentro da prisão.
Agora a solução da troca de seringas, essa sim, é a solução da estância termal ou do spa.
Sim, C_mim, esses traficantes são um verdadeiro cancro.
Quanto às salas de chuto, do meu ponto de vista, são também pequenos spas. Seriam melhor utilizadas a dar apoio aos sem-abrigo.
Beijolas a todos.
Por este caminho teremos o problema da droga resolvido, pois os drogados quererão ir presos para terem direito à drogazita a tempo e horas com o 'kit' a acompanhar...
E, por favor, neste caso não me falem em liberdade, pois não consigo encontrar liberdade num dependente seja do que fôr.
Xis cá do Norte...
Eu ainda não li esse relatório para saber se o mesmo apenas preconiza a troca de seringas. A par disso deverá tambem defender outro conjunto de medidas, essas sim, preventivas. Caso não o faça, devia.
A mim o que me custa é esta vontade punitiva em relação aos toxicodependentes. Quanto a mim, a sua própria condição de toxicodepedência é ela própria um castigo às opções erradas que se tomaram. Um toxicodependente perde tudo, inclusive o livre arbitrio. Tudo é compulsão para atingir um fim e tudo o resto fica pelo caminho. Não me parece que se trate, portanto, de premiar seja o que for.
Mas a questão das seringas toca um aspecto fundamental: a SAÚDE PUBLICA. Pois o que está em causa não são apenas os toxicodependentes presos, mas todos os outros presos, as pessoas que trabalham nas prisões e os familiares.
E não nos podemos esquecer que, praticamente todos os prisioneiros vão sair da prisão mais cedo ou mais tarde. E vão voltar para a sociedade. Com doenças ou sem doenças...
Daí ser um problema PÚBLICO, que toca a todos e com o qual todos nos devíamos preocupar.
E alguns desses ex-presos toxicodependentes quando saem da prisão até se tornam sem-abrigo...
Pois é, Teófilo. Meio caminho andado para a (não)resolução do problema... :)
Eu sei que um dos aspectos do problema é de saúde pública, Macambúzia J., mas continuo a achar que esta não é a forma de acabar com ele. O mesmo dirão, com certeza, os guardas prisionais, os presos não toxicodependentes e os familiares dos que o são.
É uma vergonha que se permita a existência de droga nas prisões e essa é a questão fundamental do problema. Não havendo droga, não há seringas a trocar e o assunto fica arrumado.
Beijolas a ambos.
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