A inspiração que chegou atrasada
Aqui há uns tempos, um belga flamengo que fala, lê e escreve português, deixou-me um comentário azedo na caixa de comentários de um texto que escrevi sobre o apartheid linguístico na Bélgica. Estava inclinada a apostar que até sei quem ele é, mas isso são outros quinhentos.
De qualquer das formas, o comentário foi um verdadeiro tiro no próprio pé. É que para além de não haver consenso no facto de Bruxelas ser considerada uma cidade flamenga (é a capital da Flandres, pois é, so what?), à semelhança, por exemplo, de Antuérpia ou de Bruges, dizer-me que nego o que não compreendo e insulto o que invejo só pode ser um lapso estratégico ou, pronto, cedo, um erro de redacção. Umas aspas finais até ficaram lá penduradas no fim. Cheira-me a copy-paste desastrado.
Contudo, eu não tenho a exclusividade da crítica relativamente ao que se tem passado ultimamente na Flandres. Descobri, recentemente o caso do Steven Erlanger, jornalista do New York Times, que, indo mais longe, acusa a Flandres de praticar formas não violentas de fascismo. É outro que nega o que não compreende e insulta o que inveja. Coitado.
Na imagem: Ned Flanders, dos Simpsons (porque gosto de trocadilhos, ora essa!)
7 Comments:
A Flandres pode praticar formas não violentas de fascismo, mas uma fatia elevada de flamengos são xenófobos, racistas e fascistas e praticantes militantes.
Quando tinha uns 28 anos, estava em Antuérpia num bar com uns amigos, sendo que um deles é bastante moreno. Depois de umas cervejas, um belga começou-se a meter-se com esse meu amigo a dizer que era mais branco que ele. Esse meu amigo falava mal francês, tal como o tipo belga, eu aproximei-me de ambos e perguntei-lhe porquê.
-Ele é muito moreno, deve ser do Norte de África.
Eu respondi-lhe - com essa maneira de pensares, não és bem-vindo a meteres conversa connosco.
O sujeito retirou-se por momentos, regressando com a guarda pretoriana, um grupo de skinheads.
Vi logo o que se ia passar: Foram todos parar ao hospital e nós à esquadra da polícia.
Nada de grave para nós.
Quanto aos flamengos, alguns ainda hoje deve sentir dor nos dentes que lhe foram partidos.
Um abraço.
Realmente às vezes há comentários que se calhar nem as próprias pessoas pensaram neles. Sobre esse assunto não me pronuncio pois não tenho conhecimento suficiente... É melhor sempre pensar 2x antes de falar ou escrever.
Gosto de te ver zangada :)
Beijocas cá de longe... menos zangado do que tu
Moral da história, Armando,não há racismo nem xenofobia que não descambe em violência.
É verdade, Wed, tens razão. O problema de quem escreve sem pensar são os que pensam no que lêem...
Não estou zangada, Espumante. Tenho um blogue para alimentar e este não come qualquer coisa... (pelo menos durante muit tempo) :)
Beijolas aos três.
Gostei do trocadilho!
E qto ao resto passa á frente...á gente que nem merece que se perca tempo com ela!
Estas pessoas que acham que só a experiência faz o saber...aposto que andam a inventar a roda em cada dia! Podem lá acreditar numa roda inventada por outros!
É que não há pachorra (em qualquer língua que seja).
Beijos
Infelizmente sinto a mesma agressividade "passiva" de ambas as partes... o problema da Bélgica vai fundo, é grave e não é nada recente. Mas depois de anos e anos a serem discriminados (os flamengos), percebo que o exagero nacionalista surja. Não estou a desculpar ninguém, nada justifica determinadas acções. Tenho esperança que talvez eles (os belgas num todo) caminhem para um equilíbrio. Mas sem dúvida há que continuar a alertar e a chamar a atenção. O problema existe, a discriminação existe e não deve continuar.
(esta situação faz-me lembrar quem acha que hoje em dia as mulheres já não são discriminadas e que as que falam são umas loucas exageradas e disparatadas......)
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