quarta-feira, novembro 23, 2005

Rainha do quê?


Li no suplemento Y do Público um artigo de um tal de João Bonifácio a propósito da super-estrela Madonna. Logo no início do texto, este senhor compara-a a Robbie Wiliams, dizendo que "Ao contrário do que as mitologias da pop apregoam, Madonna não é a Rainha da pop. Essa é Robbie Williams. À Ciccone cabe o papel de rei. Robbie tem a pose de palhaço triste, adopta a postura de puto rebelde, goza com a sua imagem de “superstar”, mas esse gozo é demasiado explícito, muito frequentemente as letras dão-se à reflexão em torno do vazio do estrelato, há momentos de auto-acusação em que ele se pune pelos exageros que são dele esperados. É uma menina, no fundo.
Madonna, essa, nunca tem dúvidas (e raramente se engana). Pragueja, lida com o corpo como uma ferramenta automóvel, fuma charuto no David Letterman Show, faz crer que já teve mais mulheres que um camionista no fim da sua carreira de 65 anos, põe a mão no escroto por tudo e por nada: é o Rei.
” E continua por aí fora.
Posso admitir que parte disto corresponda à verdade. Pronto. Mas vamos ao que interessa verdadeiramente: a música. Onde é que está a graça, a novidade e a qualidade de Hung up? É uma música que fica no ouvido? O Your my heart, you’re my soul também. A letra é absolutamente extraordinária?
Time goes by so slowly Every little thing that you say or do I'm hung up I'm hung up on you Waiting for your call Baby night and day I'm fed up I'm tired of waiting on you Time goes by so slowly for those who wait No time to hesitate Those who run seem to have all the fun I'm caught up I don't know what to do Time goes by so slowly Time goes by so slowly Time goes by so slowly I don't know what to do
Não me parece. A melodia é harmoniosa? Já o era no tempo dos Abba. A cantora tem uma voz excepcional? Nem por isso e antes pelo contrário.
Então o que faz desta música um sucesso?... A imagem. O poder da produção. E a corte cega à Madonna. Irrita-me esta corte que se faz à mulher. Parece que é o supra-sumo da batatinha e que tudo o que dela venha é o melhor do mundo, mesmo que seja o seu caixote do lixo.

4 Comments:

Blogger Carla Motah said...

Pois, mas é o poder da imagem, ou não estivéssemos nós na pós-modernidade.
É tudo para espectáculo, como a dança, o movimento, a rebeldia e o nome. Quanto à qualidade, isso já é outra coisa.
Agora que a reinvenção da música dos Abba resultou, lá isso sim.
E lá continua ela a deliciar os fãs, o que não é o meu caso.
Ouço na rádio ou na TV e aumento o som para me abanar um bocadinho. Também faz falta.

novembro 24, 2005 10:50 da manhã  
Blogger Carlota said...

É verdade, Carla. Fazem-nos falta uns abanões ao som da música. Vou pôr aqui uma rádio qualquer no computador, para animar o trabalho depois do almoço.

novembro 24, 2005 1:15 da tarde  
Blogger Pitucha said...

Carlota, com este ritmo de produção (e qualidade também, como é óbvio) não há comentarista que se aguente!
Uf!
Beijos

novembro 24, 2005 5:04 da tarde  
Blogger Carlota said...

Pitucha, temos de encarar a coisa como puro prazer. Eu divirto-me a escrever, os vizinhos a ler. Não havendo tempo, paciência ou nada para dizer, basta picar o ponto com um "smile" e assim já sei que cá estiveste.
Obrigada pelo elogio à quantidade e ao conteúdo!
Beijolas.

novembro 24, 2005 10:45 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home