Madame Pipi
Triste sina essa de passar os dias enfiada numa casa de banho de maus odores permanentes ou passageiros, de ver entrar e sair gente de toda a espécie, de fingir que limpa as sanitas após cada utilização, de controlar as entradas e saídas, não vá alguém esquecer-se de pagar a utilização, e de controlar o número de toalhetes que cada utilizador usa para secar as mãos – no caso de as lavar.
É esta a descrição do trabalho levado a cabo pela chamada Madame Pipi (*), designação que se dá às senhoras que por aqui trabalham nas casas de banho acessíveis ao público.
Não estou, contudo, a referir-me a casas de banho públicas, não! Refiro-me às casas de banho a que o normal português se habituou a frequentar de borla nos centros comerciais, nos cinemas, nos hipermercados, nos McDonald's, nos restaurantes e até, imagine-se, nas discotecas! Àquelas cuja utilização gratuita e expectativa de encontrar limpa são consideradas como direitos adquiridos de um utilizador que se encontra num estabelecimento comercial na qualidade de (potencial) consumidor.
Por aqui, a história é outra. Estejamos a fazer compras em lojas, a meio de um filme após ingerir meio-litro de Coca-Cola, a prepararmo-nos para gastar 250 euros no hipermercado, entre dois Big Macs, à espera que nos sirvam um jantar(**) ou a caminho de uma fenomenal bebedeira num estabelecimento nocturno, se a bexiga apertar e nos dirigirmos à casa de banho, lá está ela à nossa espera, a implacável Madame Pipi, que não hesitará em dizer-nos “Désolée!”, caso não tenhamos no bolso as necessárias moedas.
Tenho de confessar que já me resignei ao facto de ter de desembolsar 30 cêntimos de cada vez que sou obrigada a utilizar uma casa de banho infecta. Nem sempre fui assim. Ainda há poucos anos atrás, era capaz de me aguentar um dia inteiro, se fosse preciso. Tudo menos passar moedinhas à Madame Pipi! Cheguei até a fugir a uma no cinema, escapulindo-me a toda a velocidade enquanto ela berrava: “Madame! Madame!” (eh, eh, eh!). Achava aquela cobrança tão ilegal que nem sequer senti que estava a portar-me mal. Mas agora já estou integrada nas regras da sociedade belga(***).
Acho, até, que já encontrei a solução para o meu complemento de reforma. Quando for velhinha, vou arranjar um posto de Madame Pipi. De preferência numa discoteca, onde se cobra mais caro e onde rende com certeza mais. Nessa altura já terei insónias e não vão fazer-me falta umas horitas de sono. E poderei então finalmente jogar na PSP horas a fio, enquanto as moedas tilintarão no meu pratinho da Vista Alegre!
(*) Pipi traduz-se para português por chichi.
(**) Actualmente, a maioria dos restaurantes já não tem Madame Pipi.
(*) Pipi traduz-se para português por chichi.
(**) Actualmente, a maioria dos restaurantes já não tem Madame Pipi.
(***) Façam o favor de não fazer uma interpretação extensiva da afirmação.
30 Comments:
Pois vamos sempre a tempo de aumentar os nossos conhecimentos linguísticos, Teresa!:)
já tive um episodio com uma madame pipi em londres, depois de lavar as mãos oferece-me uma toalha que eu tinha de pagar, e eu mostrei o lenço de papel que tinha na mala.
Mas essa tua fuga é demais carlota.
Boa noite **
Eu sou perita em fugas, Rafaela! Qualquer dia conto-vos sobre a minha fuga à polícia!
:)
estou aqui a rir-me alto!
LOL-LOL-LOL
eu tb me escapuli a uma Madame Pipi, uma vez, no Bazaar ... eu a descer as escadas, 'surda' que nem uma porta, e ela aos gritos comigo - o que vale é que mal abri a porta de comunicação com a 'pista' o clamor da música abafou os insultos com que me brindou!
ai, a Madame Pipi, a Madame Pipi!
Belge, trés belge!
:p
Pois é, Sinapse. Era mais higiénico escapar assim à Madame Pipi do que usar a outra via - que é a mais comum: a via pública. Há ruas que cheiram mal que se farta!
ri-me com a fuga da madame pipi
boa
:)
Já travei conhecimento com outras Madames Pipis, por terras norte-amaricanas, e na altura também me custou muito desembolsar a dita quantia!:))
Beijinhos!
Ups... norte-americanas...
É tudo uma questão de hábito! E de horas... É que elas também fazem pausas!
Outras, para compensar os 30 cents dão um caramelo!
Beijos
Eu agora à distância de alguns anos também me rio quando me lembro da cena, Um outro olhar... :)
É difícil para quem não está habituada, não é A lice?
Será que fazem pausas para ir à casa de banho, Pitucha? ;)
Quanto aos caramelos, dispenso! Sempre me ensinaram a não aceitar nada de estranhos...
Estás a ver Ana?... Afinal somos uns previlegiados!
Beijolas às meninas!
Confesso que também fujo às Madames Pipi sempre que posso. :)))
Como normalmente só me cruzo com elas fora do nosso país, a táctica que costumo usar é desatar a falar com elas em português, sem parar de andar.
Como não percebem nada, desistem.
A última vez que estive com uma Pipi foi em Paris mas, quando pensei no meu estratagema habitual pensei "aqui, a probabilidade da Madame ser portuguesa é bastante elevada. É melhor não ir por aí."
Limitei-me a fazer de conta que não a vi e entrar ao mesmo tempo que uma matulona com ar de americana "Ela que pague.." hihihi
Cá praticamente são uma raça em vias de extinção!!
Mas confesso que me ri imenso com oteu texto!
Bjs
Eu sinceramente já me habituei a essa situação, especialmente por causa dos aeroportos.
É uma chatice pagar, às vezes um 1Euro, para fazer chichi, mas chateia-me dizer que não tenho moedas.
Um abraço.
Eu cá acho que é chato termos que pagar para urinar, mas também é chato quem oferece esse serviço ter que limpar esses locais, por isso acho justo!
Em relação às fugas, fico à espera da fuga da polícia! ;-)
Bjs!
E se não houver moedas?...
Essa táctica de desatar a falar em português é muito boa, Rita. Mas geralmente guardo-a para quando quero insultar alguém. Porque não consigo fazê-lo tão bem noutra língua... :)
Ainda bem que te riste a lê-lo Papoila! Eu ri-me a escrevê-lo!:)
Mas Armando, dizer que não tens moedas (ou dinheiro) não te vedaria o acesso ao WC?
Ah, a fuga à polícia, Restaurador... Essa foi há muitos anos e por terras lusas! Mas fica na agenda!
Se não houver moedas, MCM, pagas com notas e dão-te troco. Que trocos não lhes faltam!
Beijolas a todos!
Ai! já deu para rir tb aqui na caixa dos comentários!
A Rita Barriga a repensar a sua estratégia em Paris - LOL!
Bem, se a "Madame Pipi" proliferasse por eses lados tinha de arranjar um part-time para pagar as idas à casa de banho. É que no meu estado...estás a ver.
Beijinhos.
Isso é o que se chama uma exploração da nossa bexiga ;-)!
Beijos
Tss Tss ... ele é sanitas, ele é Madames Pipi ... ai o nível ...
Não gosto dessa Madames. Coitadas, já se sabe que a vida delas é uma seca. Mas sempre podiam ser mais educadas, nem que fosse só um bocadinho muito muito pequenino.
Com que então foi você?
Fizeste bem em dizer não fazermos uma interpretação extensiva da tua afirmação, porque o que te ia perguntar era "Que conduta?".
Como sabes as condutas existem para passar dentro delas alguma coisa... e como o negócio do teu post era o pipi...
Eu também acho um roubo levar dinheiro para satisfazer as necessidades fisiológicas, estas e outras... Acho muito bem que fujas sempre sem pagar.
Por aqui os estabelecimentos vão tendo WC's, mas eu não sou muito mijão para ter uma noção exacta da coisa...
Beijinhos (mi...)
Parece que a Madame Pipi entrou me acção aqui nos comentários. Foge que nós ajudamos.
Também já me cruzei com algumas madames e aqui em Portugal.
É irritante sim senhora. Dou-te toda a razão.
Gosto, sobretudo, quando as Donas Pipis nos dão com a sua mãozinha que acabou de andar a lavar o chão da casa de banho ( e sabe-se lá mais o quê...! ) um quadradinho de papel higiénico para usarmos. Por cá não se vê muito disso, mas por exemplo no méxico, acontece com muita frequência. Sorte a minha, que sou menina prevenida e ando sempre com lenços de papel!!
Obrigada, Renova e marcas afins!
M
LOL não sei quem foi o/a engraçadinho/a, mas ADOREI o comentário deixado pela madame pipi do cinema
Amanhã darei as devidas respostas aos comentários dos vizinhos que por aqui passaram - incluindo ao da madame pipi do cinema, que pelos vistos já desconfiava que a fugitiva era eu, pois andava por aqui a rondar o Lote 5!... :)
Agora vou dormir. Boa noite.
Pois é, Laura, estamos sempre a aprender.
E apreciei teres reparado no pormenor da marca do pratinho!
Carla, recordo-me bem dessas constantes idas à casa de banho!
Há sempre alguém disposto a ganhar dinheiro à nossa custa, Periférico.
É verdade,Xana. É caso para dizer que a conversa já chegou à casa de banho (pelo menos duas vezes!)
Tens razão, Folha de Chá. Podiam ser um bocadinho mais simpáticas e menos trombudas!
Madame Pipi do cinema, quando li o teu comentário desconfiei quem eras. Depois fui ao meu Extreme Tracker e tive a certeza!
Infelizmente, Nilson, já não me posso dar ao luxo de fugir...
Pata, nem sonhava que existiam Madames Pipi em Portugal!
Agripinas, bem-vinda(s) ao Lote 5! Já vi que mulher prevenida vale por muitas. Assim é que é!
Beijolas a todos e as minhas desculpas pelo atraso das respostas.
Giro giro seria perante um desolèe desses, a pessoa começar a desapertar as calças como se se fosse preparar para fazer ali mesmo... desolée... afinal quando tem de ser tem de ser! :)
Ui! Tenho a impressão de que a Madame Pipi não iria perder a possibilidade de chamar a polícia!...
São umas matreiras, estas Madames Pipi!
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