Acho um desperdício iniciar as crianças na carreira de adepto de futebol. Mas a influência dos amigos, o não-se-falar-de-outra-coisa e aquela tendência para fazer parelha com os progenitores masculinos empurram-nos para a frente dos televisores...
Por isso, animar as nossas criancinhas oblige, ontem decidi levar o Migas a um pub irlandês para ver a segunda parte do jogo da Selecção, ao lado do pai. Sim, apenas a segunda parte, que eu não tenho paciência para ver circo ao som de vuvuzelas!
O pobre coitado nem sequer conseguiu festejar um golo. Como se, para desgraças, já não lhe bastasse ser sportinguista. (Se fosse benfiquista-não-praticante, como a mãe, ao menos este ano já teria tido motivos para festejar.)
No fim do jogo, a decepção era geral. E a mim, ainda por cima, irrita-me quando Portugal não ganha e estou rodeada de bifes que já perceberam que sou portuguesa. Prefiro apanhar decepções em casa, aguardando pacientemente o fim dos jogos enquanto faço outra coisa qualquer.
Felizmente, o espírito futebolístico nacional não está ainda presente na vida do Migas. O que significa que o resultado do jogo não foi tão decepcionante para ele quanto voltar para casa sem o pai, que ainda voltou ao trabalho. É que ele (ainda) sabe quais são as coisas importantes na vida.