sexta-feira, março 31, 2006

Faz o que digo, não o que faço! (*)


A Comissão Europeia é promotora da ideia de que as pessoas devem optar pela aquisição de máquinas e carros de baixas emissões poluentes.

Consequentemente, pediu à indústria automóvel europeia que por alturas de 2008 os carros construídos na Europa atinginjam uma média de emissão de CO2 de 140 gramas/km. Para 2012, a Comissão Europeia propõe que seja atingido o objectivo de 120 gramas/km.

No que respeita aos consumos, a Comissão Europeia gostaria que os automóveis a passassem a ter um consumo médio de combustível de 5,2 litros/100 kms.

Exemplo de um carro que não tem baixa emissão poluente é a do Volkswagen Touareg (na foto). Dependendo do modelo do motor, este carro pode emitir de 265 gramas/km até 350 gramas/km de CO2. Por outro lado, pode consumir 9,8 litros/100 kms de combustível.

E, perguntam-me vocês, por que raio decidiste tu fazer um post a falar dos objectivos ambientais da Comissão Europeia e porque carga d'água nos interessa saber quanto pului ou quanto gasta o VW Touareg?...

A minha resposta é muito simples: porque este é o novo carro de família do nosso José Manuel.

(*) Notícia no European Voice desta semana

Criatividade pendurada ao pescoço


Finalmente consigo fazer um post sobre a nova gravata da Thomas Pink.
Encontrei-a há cerca de um mês numa das páginas da GQ, mas só agora consegui arranjar uma fotografia a condizer.
Trata-se de uma gravata com um bolso para guardar o iPod nano.
É uma excelente ideia para quando já não temos ideias sobre o que mais oferecer aos homens. Uma vez que pode anteceder ou suceder à oferta do dito iPod, encerra, no fundo, duas excelentes ideias.
Para o caso dos homens que não usam gravata no emprego, então estaremos a falar de três excelentes ideias, porque, nalguns casos, pode ser que os motive a procurarem um emprego supostamente melhor.
A parte menos interessante da ideia tem a ver com o preço da gravata, mas paciência... não há ideias perfeitas!

quinta-feira, março 30, 2006

Ligações perigosas


Quase todas as mulheres sabem como há imensos homens capazes de lhes fazer a vida difícil. Desde há uns tempos para cá, muitos homens também o sabem.
E os homens podem complicar-nos tanto a vida, e por causa de tanta coisa, que nem sei por onde começar...
Mas é talvez porque são extremamente desarrumados e vão deixando tudo espalhado por onde passam. Ou porque têm a mania das arrumações e passam a vida a alinhar as esferográficas nas gavetas com as tampas viradas para cima.
Porque são desleixados e se vestem sem qualquer critério, provocando-nos sustos de morte mesmo à saída para uma festa. Ou porque passam horas a admirar a palete de camisas que vai com a palete de gravatas para não perderem a melhor combinação.
Porque não nos ouvem quando lhes falamos que nem umas gralhas sobre as mais variadíssimas coisas que nos aconteceram durante o dia de trabalho. Ou porque conseguem sempre repetir as últimas palavras que dissémos quando finalmente lhes perguntamos “Não estás a ligar nenhuma ao que estou a dizer, pois não?”.
Porque são incapazes de enfrentar os seus progenitores quando eles descaradamente se imiscuem em assuntos que não lhes dizem respeito. Ou porque são tão queridos e prestáveis que os nossos pais até os tratam como filhos adoptivos.
Porque acabam de jantar e abancam em frente da televisão. Ou porque quando põem a louça na máquina não seguem o nosso critério arrumação dos copos ou dos talheres.
Porque nunca sabem onde procurar seja o que for – “Onde é que dizes mesmo que estão os pacotes de chá?”... “Na primeira prateleira do armário por cima do lava-louça, do lado direito, entre o açúcar e as bolachas de água e sal!”. Ou porque sabem muito bem onde deixaram o que lhes interessa – “Não posso crer que já deitaste fora “A Bola” de há três semanas que eu deixei debaixo do sofá!”.
Porque passam todo o tempo livre a navegar na internet, como se no dia seguinte não estivesse tudo lá na mesma. Ou porque temos de os arrastar para a frente do computador para ler os últimos posts do nosso blog.
Não percebo como é que às vezes se queixam das mulheres, quando conseguem ser tão intrinsecamente complexos, ao contrário de nós, sempre tão pouco complicadas e fáceis de coabitar...

terça-feira, março 28, 2006

Viródisco XII



Impressionante como com uma discografia imensa ao dispor, apenas consigo gostar de duas músicas dos Roxy Music.

A que está agora a tocar e "Avalon".

Mas a verdade é que gosto tanto e há tanto do tema "More than this" que é sempre uma das músicas que me ocorre quando me quero referir aos meus temas favoritos de sempre.

Ciclo Falar de Blogues 2006


Na próxima quinta-feira, dia 30 de Março, pelas 19 horas, realizar-se-á na livraria Almedina do Atrium Saldanha, em Lisboa, o encontro "Falar de Blogues Temáticos", organizado por José Carlos Abrantes e a Almedina.

Este encontro contra com a participação de Leonor Areal (Doc Log) , Vítor Relvas (Educar para os Media) e Pedro Magalhães (Margens de Erro).

Mais informações aqui.
Tenho pena de nunca estar por Lisboa nos dias destes encontros...

segunda-feira, março 27, 2006

Merecemos este castigo?


Caso haja por aí alguém que pense que nos últimos tempos se comportou de forma menos boa e ache que merece uma auto-punição, queira ter a coragem de clicar aqui, mas antes, faça o obséquio de ler as contra-indicações:

1. A leitura do texto linkado pode ferir a susceptibilidade da maioria das pessoas providas de cérebro. Também poderá causar lesões irreversíveis à minoria que não disponha do mencionado gadget.
2. É aconselhada a leitura na diagonal descontínua (© Pitucha).
3. Ainda que siga o conselho do número anterior, certifique-se de que não está longe da casa de banho ou de quem tem um pequeno balde nas redondezas.
4. Em caso de persistência de sintomas de azia ou de tonturas, consulte o seu médico e apresente queixa junto da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

E agora, vá! Por sua conta e risco. E depois não diga que foi por falta de aviso!

Mais elos para a corrente

A MCM teve a amabilidade de me lançar este desafio de informar a vizinhança acerca de umas coisinhas sobre mim, tais como:

Quatro empregos que tive na vida

Já tive muitos. E recomendo. É muito, mas muito melhor do que trabalhar toda a vida na mesma empresa ou no mesmo local. As fotos ilustram três prédios de instituições onde já trabalhei - o extinto BNU, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia - e o logotipo da Agência Lusa, por cuja delegação de Bruxelas também passei.

Quatro sítios onde vivi

Vivi apenas em dois. Em Bruxelas e numa cidade ribatejana à beira do Tejo, terra de touros e toureiros, dos quais por acaso não sinto falta nenhuma. Gostei muito de lá viver, mas fiquei traumatizada por ouvir vezes sem conta o hino da CDU em todas as campanhas eleitorais. É que vivia mesmo ao lado da sede do PCP. Se calhar vem daí a minha grande alergia à política...


Quatro filmes que posso ver vezes sem conta


Em rigor, nenhum. Mas tenho os meus favoritos: O Clube (Breakfast Club), O Silêncio dos Inocentes, Pulp Fiction, Seven, O Sexto sentido, Os Suspeitos do Costume, Despojos do Dia, entre outros. Eu sei que são todos antigos, mas já há anos que não vou ao cinema, tenham lá paciência...

Quatro pratos favoritos

Gosto muito de favas, de ervilhas com ovos, de caldo verde, de feijoada, de croquetes, de entremeada grelhada com arroz de feijão, de batatas fritas, enfim... dessas coisas que põem qualquer nutricionista com pele de galinha. Mas do que gosto mais - e não posso passar sem - são as massas. Era capaz de comer massas todos os dias ao almoço e ao jantar e nunca me fartar. A sério.

Quatro séries que nunca perco

Não sigo nenhuma série. Mas já segui euforicamente ou tenho os DVDs das minhas favoritas, que são muitas e das quais não consigo escolher quatro. As made in USA: Moonlighting (Modelo e Detective), Hill Street Blues (A balada de Hill Street), L. A. Law (As Teias da Lei) Twin Peaks, Ally McBeal, The West Wing (Os homens do Presidente), CSI (Las Vegas), Friends, E.R. (Serviço de Urgência), The Practice (não conheço o título em Portugal), The Sopranos, The X-Files, The Simpsons, 24. E as made in UK: Blackadder, The Vicar of Dibley (não conheço o título em Portugal), Yes Minister (Sim, senhor ministro), Fawlty Towers (não me lembro do título em Portugal), Allo, Allo, Let them eat cake (não exibida em Portugal). Uff...

Quatro websites que visito diariamente

Os blogs dos vizinhos, o Público, as Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e a Meteorologia do Yahoo.

Quatro sítios onde gostaria de estar agora

Em qualquer sítio, desde que não houvesse por perto um telefone fixo ou móvel.

Quatro vítimas que se seguem, se a isso estiverem dispostas: Ana Esperta (Ana Burra, Ana Esperta), André Carvalho (Geração Rasca), Laura Lara (Na Senda das Beiras) e Espumante (Espumadamente).

sexta-feira, março 24, 2006

Está quase na hora de ficar sem a hora


Há quem diga que cada cigarro tira um minuto de vida a quem o fuma.
Na sequência de vários estudos que provam os malefícios dos cigarros, vêem-se por aí imensas campanhas contra o consumo de tabaco, o que eu até compreendo perfeitamente.
Agora o que eu não compreendo é a total ausência de campanhas contra algo que nos tira uma completa hora de vida por ano, todos os anos. Estou a falar do fim-de-semana que está à porta, que nos vai roubar uma hora inteirinha de vida.
Suspeito que deve haver um milionário acordo secreto entre os herdeiros do senhor que inventou esta história de roubar uma hora no último fim-de-semana de Março e as diversas associações de entidades patronais espalhadas por esse mundo fora. Se assim não fosse, roubavam-nos a dita hora num qualquer dia útil da semana.

Isto tudo é obviamente para avisar os vizinhos do Lote 5 de que não se devem esquecer de adiantar os vossos relógios na madrugada do próximo domingo.

P.S. - Façam o favor de ignorar que no final do mês de Outubro voltaremos a atrasar os relógios, senão tiram-me a graça toda a este post. Obrigadinha.

quinta-feira, março 23, 2006

Miau!

Para os apreciadores mais distraídos, aqui fica uma pequena nota para não se esquecerem de que amanhã, sexta-feira, às 21h15, estreia na RTP1 mais uma série - a Lopes da Silva - do (quase sempre) extraordinário Gato Fedorento.

A RTP serve-nos dois excelentes videos para abrir o apetite aqui.

quarta-feira, março 22, 2006

Afinal havia outro!... E outro!... E outro!


Há uns anos atrás, fiquei sem emprego...
Depois de não ter querido renovar um contrato de trabalho por não conseguir compatibilizar-me com a desorganização com que tinha de lidar diariamente, vi-me de repente desempregada, desocupada, descomprometida, enfim... livre como um passarinho!
Tinha assim a oportunidade de finalmente fazer tudo o que desejara: nada! Podia acordar tarde, vaguear dias a fio, dedicar-me aos meus passatempos favoritos, deitar-me às tantas, arrumar, desarrumar, voltar a arrumar... um sonho tornado realidade!
Dirigi-me então ao centro de desemprego cá do burgo, que isto de não fazer nada é muito interessante, mas tem o pequeno inconveniente de não ganharmos dinheiro, pelo que achei por bem recuperar a quantia que tinha pago em impostos ao Estado belga, que era só a metade do meu ordenado. Além disso, estando inscrita no desemprego tinha mais hipóteses de voltar a trabalhar, que eles aqui têm as coisas bem organizadas e ajudam as pessoas a arranjar novos empregos.
Assim, lá dei corda aos sapatos numa bela manhã de Primavera e pus-me a caminho do centro de desemprego da área da minha antiga residência, que fica tão só no meio do Red Light District de Bruxelas. Estranhas coincidências! Um centro de desemprego numa das zonas em que mais se trabalha: às nove da manhã, as prostitutas já se apresentam ao serviço nas montras.
Chegada ao destino, deparei-me com um cartaz que dizia mais ou menos o seguinte: Se a primeira letra do seu apelido é de A a K, dirija-se ao primeiro piso; se é de L a Z, dirija-se ao segundo piso.
Calejada pelos atropelos já à altura causados pelas confusões com o meu nome, analisei bem a situação: Ora deixa lá ver... Independentemente do apelido que eles escolham desta vez, aqui não há que enganar. Começam todos pelas letras da segunda parte do alfabeto! E lá me dirigi ao segundo piso, onde tirei a senha e fiquei sentada à espera.
Quando finalmente chegou a minha vez, dirigi-me ao guichet. O funcionário pediu-me o meu bilhete de identidade e eu passei-lho. Ficou, como já era hábito, a analisar o documento por breves momentos, após o que me olhou com um ar condescendente e disse:
- Olhe... Como esteve tanto tempo à espera, eu vou atendê-la. Mas da próxima vez vá ao primeiro piso, que é lá que atendem as pessoas cujo apelido começa por "D"!
Foi então que eu percebi que eles têm sempre em consideração os por nós desprezados "de", "da" e "dos" e que passei a ter não cinco, mas oito apelidos...

terça-feira, março 21, 2006

Como as salsichas


É sobejamente sabido que os portugueses têm resmas de nomes. Próprios e apelidos. Da mãe, do pai, do avô, da avó, da tia-avó, da madrinha, do padrinho, do baptismo, do crisma, do casamento, do divórcio… e por aí fora. Isto sabemos nós dentro-de-portas. Fora-de-portas, a história é outra. Mas já lá vamos!
Quando nasci, deram-me dois nomes próprios. Imaginem, por exemplo, Carlota Joaquina. Lindo nome! Um escolhido pela mãe, outro pela madrinha. Até aqui, nada de extraordinário. Com melhor ou pior gosto para os acasalamentos de nomes, muitas das pessoas da minha geração têm dois nomes próprios.
Antes de escolhidos os nomes próprios, já estavam preparados os apelidos. Um da mãe e dois do pai, por esta ordem. Imaginemos, então, que eram de Proença dos Santos Lemos. E vão cinco!
Com o casamento, a situação agravou-se. Não a minha, que por acaso as coisas têm corrido bem. Mas quis o destino, e esta minha cabeça oca, que ao meu nome fossem acrescentados outros dois. Arrependo-me hoje amargamente da decisão – de optar pelos nomes, não pelo marido! -, mas já não há nada a fazer. E lá vieram então os outros dois apelidos, que direi serem de Vasconcelos Monteiro. Um total de sete, portanto.
Ter dois nomes próprios e cinco apelidos é uma coisa normalíssima em Portugal. Toda a gente está habituada a isso e, normalmente, ignoram-se quatro ou cinco para se utilizarem apenas um nome próprio e o último ou os dois últimos apelidos.
Se nos mantivermos quietinhos dentro de fronteiras, a vida correrá normalmente. Entre outras coisas, haverá sempre espaço para preenchermos o nosso nome completo em todos os formulários, toda a gente saberá como procurar o nosso nome numa lista por ordem alfabética e não haverá alminha que não saiba chamar-nos à porta da sala de espera de um consultório.
Agora se a vida nos trocar as voltas e nos levar para lá das fronteiras, então é que os problemas podem começar, pois os estrangeiros ficam muito baralhados por termos muitos nomes. A nossa vida não volta a ser a mesma e, às vezes, temos vontade de poder voltar atrás e dar umas cabeçadas nas pessoas que no-los puseram.
Não há paciência! Cada vez que tenho de mostrar o meu B.I., sinto-me quase sempre obrigada a pedir desculpa e dar uma explicação sobre por onde começar; quando foi preciso registar o nascimento do meu filho, o formulário electrónico do registo civil não tinha caracteres suficientes para o meu nome completo; e se não sou eu a indicar os nomes que devem constar num qualquer cartão, o critério que utilizam para o fazer deixa-me o nome todo trocado.
Aliviam-me a paciência as situações caricatas, como a que me aconteceu com o funcionário que me atendeu um dia quando me dirigi ao balcão de um banco belga para abrir uma conta. Dei-lhe o meu B.I. e ele, depois de ter demorado o seu tempo a contemplar o documento, olhou para mim e disse-me, com um ar todo solene: - Tem tantos nomes, a senhora!... É nobre?

domingo, março 19, 2006

Vou esperar sentada


Registada a gracinha, só me ocorre dizer que primeiro quero ver o José Barroso e os seus comissários a chegarem todos os dias ao Berlaymont montados nas suas biclas azuis de doze estrelas amarelas, depois de terem pedalado uns quilómetros debaixo de uma chuva em cascata ou à temperatura de "0°C, but feels like -6°C". E então depois a gente fala!

sábado, março 18, 2006

Viródisco XI




Ora aqui está um dos poucos cantores dos quais acho que tenho todos os discos (da era pós-Wham). Não são muitos, mas são bons. Eu, pelo menos, gosto muito deles.
P.S. - A desarrumação que tem reinado pelo Lote 5 nos últimos dias não foi causada por mim. É ao Blogger que têm de ir pedir satisfações...

Política aos berros e à paulada


Hoje de manhã, ao abrir o PÚBLICO, deparo com uma afirmação de Marques Mendes muito interessante: "Não contem comigo para política aos berros e à paulada".
Suponho que a frase terá sido empregue como uma metáfora. Não tenho a certeza porque obviamente não tenho por hábito acompanhar o desenrolar de congressos de partidos políticos. Mas acho que a frase encerra um sentido que devia ser sempre levado à letra e em conta por todo e qualquer político.
Pondo de lado a questão da paulada, que é rara, embora já tenha acontecido fazer-se política de pau em punho, o que eu gostava verdadeiramente era que os políticos abandonassem de vez a política dos berros.
Que o tivessem feito nos primórdios dos comícios, onde tinham de berrar para ser ouvidos lá na última fila de apoiantes, ainda vá. Mas hoje em dia, com toda a panóplia de equipamentos de som ao dispor, não creio que se justifique.
Mais injustificada, ainda, é a berraria que muitos usam em pleno hemiciclo na Assembleia da República. Porque é que só conseguem discursar aos gritos para uma plateia silenciosa e muitas vezes adormecida? É uma coisa que me faz muita confusão.

quinta-feira, março 16, 2006

Horas ao volante, estafa gritante


Consegui, com algum custo, arrastar-me até ao computador...
A actividade das últimas 24 horas deu cabo de mim. Tive de ir ontem à noite para o Luxemburgo (em trabalho), de onde voltei hoje à tarde.
Percorri os 500 kms (ida e volta) ao volante do meu bólide e aborreci-me horrores nos últimos 100 que fiz antes de atingir os pontos de chegada. Como se não bastasse o tédio de ter de viajar sozinha ao som dos discos que já estão no carro há cerca de quatro meses, tive de fazer 70 kms - para cada lado! - numa só faixa, devido a umas obras que muito oportunamente começaram esta semana.
Ainda estou impressionada com a quantidade de camiões que circula por estas auto-estradas. A ver se da próxima vez que abrir a boca para me queixar do meu trabalho, me lembro de a fechar a tempo e de ficar grata à vida por não me ter posto ao volante de um camião de umas quantas toneladas!

terça-feira, março 14, 2006

Madame Pipi


Triste sina essa de passar os dias enfiada numa casa de banho de maus odores permanentes ou passageiros, de ver entrar e sair gente de toda a espécie, de fingir que limpa as sanitas após cada utilização, de controlar as entradas e saídas, não vá alguém esquecer-se de pagar a utilização, e de controlar o número de toalhetes que cada utilizador usa para secar as mãos – no caso de as lavar.
É esta a descrição do trabalho levado a cabo pela chamada Madame Pipi (*), designação que se dá às senhoras que por aqui trabalham nas casas de banho acessíveis ao público.
Não estou, contudo, a referir-me a casas de banho públicas, não! Refiro-me às casas de banho a que o normal português se habituou a frequentar de borla nos centros comerciais, nos cinemas, nos hipermercados, nos McDonald's, nos restaurantes e até, imagine-se, nas discotecas! Àquelas cuja utilização gratuita e expectativa de encontrar limpa são consideradas como direitos adquiridos de um utilizador que se encontra num estabelecimento comercial na qualidade de (potencial) consumidor.
Por aqui, a história é outra. Estejamos a fazer compras em lojas, a meio de um filme após ingerir meio-litro de Coca-Cola, a prepararmo-nos para gastar 250 euros no hipermercado, entre dois Big Macs, à espera que nos sirvam um jantar(**) ou a caminho de uma fenomenal bebedeira num estabelecimento nocturno, se a bexiga apertar e nos dirigirmos à casa de banho, lá está ela à nossa espera, a implacável Madame Pipi, que não hesitará em dizer-nos “Désolée!”, caso não tenhamos no bolso as necessárias moedas.
Tenho de confessar que já me resignei ao facto de ter de desembolsar 30 cêntimos de cada vez que sou obrigada a utilizar uma casa de banho infecta. Nem sempre fui assim. Ainda há poucos anos atrás, era capaz de me aguentar um dia inteiro, se fosse preciso. Tudo menos passar moedinhas à Madame Pipi! Cheguei até a fugir a uma no cinema, escapulindo-me a toda a velocidade enquanto ela berrava: “Madame! Madame!” (eh, eh, eh!). Achava aquela cobrança tão ilegal que nem sequer senti que estava a portar-me mal. Mas agora já estou integrada nas regras da sociedade belga(***).
Acho, até, que já encontrei a solução para o meu complemento de reforma. Quando for velhinha, vou arranjar um posto de Madame Pipi. De preferência numa discoteca, onde se cobra mais caro e onde rende com certeza mais. Nessa altura já terei insónias e não vão fazer-me falta umas horitas de sono. E poderei então finalmente jogar na PSP horas a fio, enquanto as moedas tilintarão no meu pratinho da Vista Alegre!

(*) Pipi traduz-se para português por chichi.
(**) Actualmente, a maioria dos restaurantes já não tem Madame Pipi.
(***) Façam o favor de não fazer uma interpretação extensiva da afirmação.

Défice de Sol


Li num jornal belga que o mês de Fevereiro foi um dos mais sombrios da história de Bruxelas. E isto é para ser mesmo levado à letra, pois durante o mês inteiro, o Instituto Real Meteorológico da Bélgica registou apenas 29 horas e 55 minutos de sol. O record anterior tinha sido atingido em 1966 com 35 horas de sol, sendo de 73 horas a média de horas de sol neste mês.
Segundo os psicólogos, a ausência de luz propicia o aumento das depressões sazonais, devido à produção de uma hormona que apenas seria segregada pelo cérebro durante a noite: a melatonina.
Ainda bem que sou imune a estas variações!

segunda-feira, março 13, 2006

Pau de cabeleira


Acho que na semana passada li algo sobre o assunto, mas não me lembro onde nem a que propósito exacto. Alguém questionava o que fazia Ana Sousa Dias no "As Escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa".
Ontem coloquei a mim própria a mesma pergunta, quando a jornalista nada contrapôs às afirmações do Professor relativamente às explicações que o Tribunal Penal Internacional deveria dar a propósito de Milosevic, especialmente no que respeita ao facto de lhe ter negado acesso a tratamento numa determinada clínica russa.
Eu sei que por hábito ela não contrapõe nada, limitando-se a beber as palavras do Professor. Eu própria fico muitas vezes encadeada com o discurso deste orador nato. Não era por acaso que as aulas do Professor na Faculdade de Direito da UL eram as únicas repletas de alunos, alguns mesmos sentados no chão. Ele tem uma mente brilhante, um raciocínio rápido e uma capacidade de exposição rara. Mas não é por isso que havemos de deixar de ser críticos e aceitar tudo aquilo o que nos é dito, como se de verdades absolutas se tratassem. E então no caso destas afirmações relativas a Milosevic, p'amor de deus, eu acho que o Tribunal teria explicações a dar era se tivesse deixado o prisioneiro ir tratar-se à dita clínica!

He has a dream


Não resisto a colar aqui um excerto de um texto de um dos meus colunistas preferidos.
Sonho com o dia em que o governo deixe de ter qualquer palavra a dizer nas nomeações e decisões das empresas produtivas e dos agentes do mercado. A política tem as suas regras, a economia também. Separadas, podem ser respeitáveis. Juntas, são perigosas. Ficam ambas poluídas. E fazem-nos perder a esperança numa vida pública decente. A EDP é uma das maiores empresas portuguesas. Já foi pública, é hoje maioritariamente privada. Mas depende do governo. João Talone, que não conheço pessoalmente, foi seu presidente durante três anos. Consta que é independente, sem simpatias partidárias e sem ligações a grupos estabelecidos. Esta semana, apresentou as contas do ano. Os lucros da empresa são de cerca de mil milhões de euros, o maior montante da história empresarial do país. Este mês, João Talone vai ser substituído. Por António Mexia.
António Barreto, no PÚBLICO de ontem

sábado, março 11, 2006

Cérebro, para que te quero?


Sou de opinião de que o cérebro enferruja se não for utilizado. E sou prova viva desta teoria porque no meu cérebro aquela parte que se dedica aos cálculos matemáticos, para além de ínfima, está completamente emperrada. E as outras também não carburam tão eficientemente como seria de desejar.
De vez em quando, lá vou encontrando outros exemplos de cérebros enferrujados. Uns, como eu, habitam a blogosfera. Outros, como o de que vou falar, deslocam-se pela atmosfera.
Há cerca de um ano, confrontada com o aumento dos assaltos aos lares bruxelense, resolvi mandar instalar um alarme cá em casa. Nada complicado: detectores de abertura em todas as portas e janelas e detectores de movimentos em locais estratégicos da casa, para o caso de alguém entrar partindo um vidro.
O alarme foi algo que trouxe uma paz acrescida à minha rotina. Fico mais descansada quando não estou em casa durante o dia e o mesmo se passa durante a noite, pois o alarme fica sempre parcialmente ligado. Se alguém forçar uma porta ou uma janela, é imediatamente dado sinal.
Já para a senhora que trabalha cá em casa como empregada doméstica a coisa não foi tão pacífica. Desde que lhe disse que o alarme tinha sido instalado e que lhe expliquei como activá-lo e desactivá-lo, não há dia que ela não vire a esquina da minha rua em direcção à minha casa em que não venha em oração constante. Antes de pôr a chave e rodá-la na fechadura, benze-se e só depois então entra em minha casa, em passo de corrida até chegar ao dispositivo onde tem de digitar o seu código de entrada.
Escusado será dizer que o alarme disparou várias vezes nos primeiros meses em que ela teve de o desactivar. E que a coisa se agravou quando ela decidiu fazê-lo utilizando uma enorme lupa que trazia na mala. A lupa aumentava os botões da caixa do alarme, mas também engordava significativamente o seu dedo indicador...
Foram dias difíceis, mas com o passar do tempo e com a catadupa das rezas ela conseguiu dominar a técnica. Tanto à entrada como à saída, tendo o cuidado de, quando sai, deixar fechada uma porta que divide o hall de entrada do resto da casa, conforme lhe pedi. Isto para evitar que o Migas entre em casa e, montado no seu cavalo-robot, vá disparado por aí fora e accione o alarme antes de eu o desactivar.
Mas eis senão quando, após meses de silêncio, o alarme voltou a disparar. Quando o meu telemóvel me avisou do facto, olhei para o relógio e fiquei descansada. Estava na hora de saída da empregada, pelo que devia ter sido ela a origem do disparo.
Num imediato telefonema, relatou-me o ocorrido. Saíra de minha casa, ligando o alarme como era hábito. Dados três passos, ficou na dúvida se teria ou não fechado a porta interior do hall de entrada. Decidiu então verificar. Abriu a porta da rua, espreitou para dentro de casa e, vendo que a porta interior estava fechada, voltou a fechar a porta da rua. Surpreendeu-se que, passados alguns segundos, o alarme tivesse disparado.
Tive de lhe explicar que, por espantoso que pareça, as pessoas que inventaram estes alarmes tiveram em conta a impensável possibilidade de haver ladrões hábeis e rápidos capazes entrar em casas alheias, abrindo e fechando as portas muito depressa...

Dar à dentadura

sexta-feira, março 10, 2006

O vão betão


Em 1986, um jornalista belga chamado Jean-Claude Defossé fez uma reportagem para o telejornal de um canal de televisão belga, chamando a atenção para o facto de ter sido construído no país um aqueduto de algumas dezenas de quilómetros, ligando Genk a Antuérpia, que tendo embora custado aos cofres do Estado a módica quantia de sete mil milhões de francos belgas (175 milhões de euros ou 35 milhões de contos), nunca tinha sido posto em serviço.
Após o sucesso desta reportagem, o jornalista iniciou uma série de outras reportagens todas subordinadas ao tema “As grandes obras inúteis” (tradução minha), que culminaram numa reportagem final denominada com o trocadilho «Les bâtisseurs d'ans pires» (“os construtores dos anos maus” e também, se apenas falado, “os construtores de impérios”).
Porque desde que cheguei à Bélgica sempre ouvi falar da existência de “obras-fantasma”, sobre as quais sentia uma enorme curiosidade, senti-me bafejada pela sorte quando descobri que o mesmo canal de televisão ia redifundir «Les bâtisseurs d'ans pires», vinte anos após a sua primeira emissão.
Naquela reportagem, o jornalista belga apresentou ao país uma série de obras feitas durante os anos 60 e 70, altura em que a Bélgica era um dos países mais ricos do mundo, com os cofres cheios de dinheiro que urgia distribuir. Grande parte desse dinheiro serviu então para pagar a construção de obras públicas. Graças a isso, a Bélgica possui hoje uma densa rede de 29 auto-estradas (1700 kms), quase todas iluminadas (150 mil postes de iluminação) e sem portagens (mas tendo cada viatura de matrícula belga de pagar, anualmente, uma taxa de circulação). À data da reportagem, a Bélgica era ainda possuidora de 5200 pontes que, se fossem unidas, davam para atravessar o país de uma ponta a outra.
Para além das normais obras necessárias, contudo, foram gastos dezenas de biliões de francos belgas em obras que, pelo menos até 1986, não tinham qualquer utilidade. E foi disso que a reportagem tratou, mostrando pontes, viadutos, túneis e até aeroportos, inacabados ou prontos a utilizar, mas sem qualquer uso. Era o resultado da (des)articulação de um sistema político em que governos federais, regionais e locais não se entendiam, mas também de muita corrupção.
Outras grandes obras inúteis na Bélgica para além das inúmeras pontes e viadutos são, segundo a Wikipédia, 5 quilómetros de túnel de metro em Antuérpia, outros tantos quilómetros de túnel de metro em Charleroi e 2,5 quilómetros de túnel de metro em Liège.

quinta-feira, março 09, 2006

Facto a assinalar



Li ontem no PÚBLICO e gostaria de assinalar o facto.
A jornalista Teresa de Sousa recebeu esta semana a condecoração de cavaleiro da Ordem Nacional de Mérito do Estado francês.
Esta condecoração foi atribuída a Teresa de Sousa pelo Presidente da República Jacques Chirac, em reconhecimento da sua carreira jornalística.
A jornalista em causa, que se tornou especialista em assuntos europeus e internacionais, assina semanalmente uma coluna de opinião no PÚBLICO e é comentadora política na RDP-Antena 1 e SIC Notícias.

quarta-feira, março 08, 2006

Hora do ataque de pânico



Estava disposta a passar por este dia que nem uma bala.
Mas tal só seria possível se estivesse isolada numa cabana nas Ardenas, rodeada de neve, inacessível, sem rádio e sem televisão.
Como não é isso que se passa, lá acordei com o noticiário das oito a bombear-me com la journée internationale de la femme. Cheguei ao trabalho, entro na cafetaria para tomar o meu Illy e deparo-me com um cartaz escrito à mão - e com erros - que me desejava bonne fête des femmes. Ligo o computador, e vejo vários e-mails alusivos ao dia. Ligo-me ao meu Kinja e encontro a blogosfera inundada de posts sobre o dia internacional da mulher…
Por tudo isto, vão compreender-me se tiver aqui um pequeno ataque de pânico. Se me dão licença… - SOCORRO, tirem-me deste filme !!! E não respondo por mim se alguém me entrar pelo gabinete dentro com flores ou chocolates!
Lamento, mas este dia internacional das mulheres não é para mim. Eu atingi um estádio na vida em que não luto pela igualdade de tratamento, nem por salário igual para trabalho igual, nem pela conciliação da vida profissional com a vida familiar, nem pela paridade.
Quem quiser ter essas coisas todas, homem ou mulher, que lute por elas! Mas que lute como deve de ser e que vá até ao fim nas suas convicções! Porque não basta ter só garganta e apregoar a igualdade como o fazem por aí muitos e – mais grave! – muitas, como uma mulher para quem trabalhei que era só direitos das mulheres e igualdade de oportunidades para cima e para baixo, conciliação da vida profissional e familiar para a esquerda e para a direita e que ao fim de dois dias de eu estar em casa com o meu filho doentíssimo estava a telefonar-me a exigir que eu voltasse ao trabalho, dizendo : “Mas você trabalha para mim!”. Como se um contrato de trabalho deitasse por terra todos os direitos que eu e ela sabíamos que eu tinha, mas relativamente aos quais tive de lhe avivar a memória num tom que os vizinhos do lado com toda a certeza ouviram.
Acresce a isto que penso que muito do que se reivindica à sombra dos direitos das mulheres, como a luta contra o tráfico, o combate contra a violência doméstica, as políticas sobre assédio moral e sexual, a protecção e a inclusão social, não são mais do que assuntos de direitos humanos. Não vejo o motivo pelo qual se tenha de abrir um ramo específico para tratar as mulheres nessas matérias, quando elas afectam homens, mulheres e crianças e acho verdadeiramente insultuoso que o façam. Quanto a quase tudo o resto que é invocado ao abrigo dos direitos das mulheres, são para mim balelas, politiquices, oportunismos, demências e falta de escrúpulos!

Viródisco X


Não sou grande conhecedora da obra do Stevie Wonder, mas gosto de algumas músicas dele.
Esta é uma das que andam sempre no meu leitor de MP3. Poderia ouvi-la a qualquer hora do dia e até várias vezes, sem me cansar. Digo eu, que nunca experimentei tal coisa.
Há alguns anos, a Sara Tavares interpretou-a divinamente num programa de televisão. Procuro desesperadamente um ficheiro com esse momento único.

terça-feira, março 07, 2006

Dar caras aos blogs



Quando vou a meio da leitura de um livro, a quantidade de informação já processada permite-me criar imagens das personagens que fazem parte da história. O mesmo me acontece após o acompanhamento directo ou indirecto de alguns blogs durante algum tempo. Refiro-me aos aos blogs que tenho por hábito ler todos os dias e àqueles que leio de vez em quando, normalmente lá chegando através de links colocados noutros blogs.
Na blogosfera, são os textos que as pessoas escrevem, aliados a pedaços de informação que vou recolhendo aqui e ali - o sexo, a idade, a profissão e/ou uma fotografia distorcida do autor do blog, - que me permitem projectar a sua imagem. É assim que, para mim, quase todo o autor de blog que leio tem uma cara e um corpo que eu criei. Muitos têm também um tom de voz e alguns têm até guarda-roupa específico.
Uma das consequências que isto tem é que tenho sempre um choque quando, de propósito ou por mero acaso, acabo por conhecer a fisionomia da pessoa que está por detrás do blog, seja presencialmente ou através de uma fotografia ou de um vídeo. Quando falo em choque, não quero porém dizer que fique chocada no sentido de horrorizada, nada disso! É que, pura e simplesmente, na maior parte dos casos, as pessoas não têm nada a ver com aquilo que imaginei. E porque quanto mais tempo passo com as imagens que criei mais me vou convencendo de que elas são reais, o encontro com a realidade não pode deixar de me surpreender. A primeira vez que experimentei esta sensação foi em Dezembro do ano passado, quando fui jantar com alguns autores de blogs que frequento – e vizinhos do Lote 5.
Uma vez ultrapassado o choque inicial, a etapa seguinte é procurar nas pessoas que estão à nossa frente o blog que conhecemos há já algum tempo. E isto tem muita graça porque há casos em que as pessoas são tal e qual a imagem reflectida pelo blog e há outros casos em que essa imagem ou é mais difícil de encontrar ou pura e simplesmente não existe.
A segunda vez em que fui confrontada com caras e vozes de autores de blogs foi bem mais recente. Aconteceu quando há dois dias vi algumas fotografias e vídeos e ouvi a gravação do encontro de alguns autores de blogs. É sobre esse encontro e sobre as impressões que, na medida do possível, dele retirei, que tenciono escrever em breve.
Legenda do desenho: INSERT FACE HERE

segunda-feira, março 06, 2006

Ilusões de óptica


Estava neste passado domingo em casa de uns amigos a fazer a digestão de um grandioso brunch, folheando uma Visão de Dezembro do ano passado, quando me deparei com um artigo escrito pela Helena Roseta.
Já não me lembro do título do artigo e muito menos do seu conteúdo. É que quando o coração me bombeia o estômago, escasseia-se-me o oxigénio no cérebro, que já de si não é grande coisa. Em contrapartida, ficou-me na memória a fotografia que ilustrava, no cimo da página, a autora do texto.
Tenho a dizer que já é a segunda vez que me acontece constatar este facto relativamente a mulheres do PS – reparem que tenho o cuidado de não escrever “mulheres socialistas” – se bem que a Helena Roseta não é do PS assim há tanto tempo como isso: as fotografias utilizadas juntamente com os seus nomes, cabeceando os textos da sua autoria, mostram umas carinhas larocas de jovens meninas, nos seus anos vinte-e-tais/trinta-e-poucos, que nada têm a ver com os seus rostos de mulheres de quase sessenta anos.
Não percebo, por isso, quem é que quer enganar quem. Se as revistas, que andam a publicar textos escritos nos anos 60/70; se ainda as revistas, que nos querem fazer crer que têm uma equipa de brilhantes colunistas jovens e dinâmicos; se as autoras dos textos, que nos querem fazer crer que há mulheres às quais não chega uma única ruga; ou se ainda as mesmas autoras, que arrancaram todos os espelhos lá de casa e andam a enganar-se a elas próprias.
NOTA: No (conhecido) desenho aqui em cima poderão ver uma senhora de uma certa idade ou uma jovem dama.

Queria agradecer à Academia

Antes que venha aí alguém receitar-me sopas e descanso, quero sublinhar que este post pretende ser, obviamente, um fino rasgo de humor. ;)

sábado, março 04, 2006

Blogs no feminino e no masculino


Tenho de agradecer ao Espumante pelo relato da ocorrência.
Já esta manhã tinha andado à procura de notícias sobre o evento, mas só tinha encontrado um post forrado de complexos.
O gang de Bruxelas fica certamente reconhecido pela referência - no encontro e no post do Espumadamente. Sabe sempre bem quando nos passam a mão pelo pêlo.
Mas não posso deixar de emitir uma nota negativa pela injustiça que foi feita ao blog deste meu amigo. Se lhe valer de consolo - embora eu saiba que não é isso que ele procura - o Espumadamente é para mim o blog masculino de referência. Inteligente, despretensioso, incontornável e de um humor cerebral que tem tudo a ver com aquilo que gosto.

Importa-se de repetir?

"Este é o primeiro Governo que se vê que tem capacidade para gerir as finanças públicas."
José da Silva Lopes
Diário de Notícias, 03-03-06
(in Público, 04-03-2006)

sexta-feira, março 03, 2006

À descoberta da blogosfera #3


Gosto da mistela que é o gelado de baunilha derretido enrolado com pedaços de chocolate amargo. Daquela mistura que fica no fundo das taças quando estamos quase a acabar de comer o gelado.
- Com esta conversa, fiquei a saber coisas que pensava e que nunca tinha dito a mim própria – desabafei.
Esboçámos sorrisos e depois ele continuou:
- Já agora, só para acabar… Quando andas pela blogosfera, quais são os blogs que te cativam mais a atenção? Isto é, o que é que podes ler num blog que te desperte a curiosidade e que te faça lá voltar?
- Gosto de blogs com posts curtos. Também com textos de tamanho médio. Que contem histórias giras, que não tenham erros de ortografia. Gosto de textos escritos com sentido de humor. E gosto de bons trocadilhos!
- E preferes blogs masculinos ou femininos?
- Bem, não é o sexo do autor do blog que determina a minha preferência. De todo! Tem é de ser uma pessoa que não se leve demasiado a sério, nem a ela, nem ao blog. Senão não tenho paciência.
- E o que é que te leva a não ler um blog? Isto é, a não voltar lá?
- Sobretudo a vulgaridade da linguagem. Relativamente a isso não há nada a fazer, é uma coisa que não consigo ultrapassar. E às vezes até tenho pena, mas inaugurou-se uma moda na blogosfera, sobretudo em alguns blogs escritos por mulheres, que não consigo suportar.
- Mas existem modas na blogosfera?
- Com certeza! Como em todo o lado. E esta moda irrita-me porque em alguns casos as pessoas não tinham necessidade de usar uma linguagem vulgar porque até são inteligentes e escrevem bem. Mas houve alguém que achou que era chique usar o que é conhecido por “linguagem de gaja” e depois de a moda instalada, sabes como é que estas coisas são…
- E usar “linguagem de gaja” nos blogs significa exactamente o quê?
- Para mim, significa muscular a escrita para "fortalecer" a imagem da autora e, consequentemente, do blog. Significa praguejar e usar palavrões ou expressões vulgares a torto e a direito, sem qualquer critério que não seja o de se armar em boa!...
(Risos).
- E para além disso, há outro tipo de blogs de que não gostes?
- Sim. Há blogs temáticos que não me interessam, como é o caso dos blogs pornográficos. Há outros muito técnicos ou específicos de áreas que não me despertam grande interesse e há também há alguns blogs de cariz político aos quais não volto, sobretudo os que se limitam a repetir o que vem nos artigos de opinião de alguns jornais, sem nada acrescentar. Ah! E há aqueles blogs com posts muito pequenos, com frases que só quem as escreveu é que percebe o que queria dizer! Desses também não gosto. Mas porque não os percebo…

quinta-feira, março 02, 2006

Perdi a teima

Durante dias passei por um cartaz com esta fotografia que anunciava um espectáculo em Bruxelas.
E cada vez que por ele passava, a fotografia fazia lembrar-me alguém que não a Liza Minnelli (sim, é a Liza Minnelli...)
Não sei porquê, a fotografia fazia lembrar-me a Catarina Furtado. Pelos vistos era só o meu insconsciente a alimentar um dos meus ódios de estimação...
ADENDA: E os felizes contemplados com uma visita guiada ao renovado Atomium (havia um prémio secreto) são a Laura Lara, o Espumante, a A lice e a Deep, que têm olho de lince para estas coisas. Parabéns! Fico à vossa espera.

Contas, pesos e medidas


Não são, definitivamente, a minha especialidade.
Por isso vos deixo um link para um post(o) de alguém que evidentemente estudou o assunto.

Need a life boost? Get a Life Coach!


Se há coisa que temos de reconhecer a algumas pessoas é o seu espírito empreendedor. Quem inventou este negócio, devia ser premiado pela sua criatividade. Tenho a certeza de que, infelizmente, clientes não lhe faltarão. Refiro-me ao Personal Life Coaching.

O Personal Life Coaching – que vou manter em inglês, pois não sei como traduzir – destina-se às pessoas que aspiram a uma vida de sucesso, ou simplesmente a obter mais da vida, mas que não conseguem lá chegar sozinhas. Tratar-se-á de pessoas que, por exemplo, tenham problemas relacionados com aspectos íntimos da sua vida, que enfrentem dificuldades nas suas relações inter-pessoais, que desejem perder peso, que pretendam melhorar a auto-estima e por aí em diante.
Estas pessoas dispõem agora de acesso a Personal Life Coaches, cujos serviços as podem ajudar a maximizar os seus potenciais e a contribuir para uma melhoria generalizada das suas vidas quotidianas, identificando os seus objectivos para a vida e os valores pelos quais se guiam, encorajando-as a tomar iniciativas e orientando o seu modo de vida, tudo com a finalidade de ajudá-las a encontrar o sucesso pretendido.
A primeira vez que ouvi falar no Personal Life Coaching foi no Tonight Show do Jay Leno, na semana passada. Este senhor do show-business norte-americano, mordaz e certeiro, falou do assunto durante dois ou três minutos e comentou, sabiamente, que desde miúdo que também tinha assim pessoas com quem falar, mas a quem não tinha de pagar nada. Acrescentou que tinha o estranho hábito de lhes chamar amigos.

Para o caso de haver alguém interessado em contratar estes especialistas, fica aqui a referência ao facto de que os negócios Business Life e Career Coaching também já estão no mercado.

Tira-teimas

Só para tirar uma teima comigo mesma, digam-me lá!

Assim de repente, quando olham para fotografia aqui ao lado, quem vos parece ser?

Darei a resposta ao enigma lá mais para o fim do dia.

quarta-feira, março 01, 2006

À descoberta da blogosfera #2


A minha dame-blanche lá continuava em cima da mesa. Não se come enquanto se fala.
Ainda pensei em pedir um intervalo, mas, como toda a gente sabe, um gelado não se derrete facilmente quando a temperatura do ar ronda os zero graus. E com jeitinho, lá fui comendo. Afinal, este tipo de alimento não precisa de ser mastigado…
- E quanto aos comentários? – quis ele saber.
- Os comentários?... Como assim?
- Porque é que decidiu deixar às pessoas a possibilidade de fazer comentários no blog? Há quem opte por não os permitir…
- Bem, sobre isso nunca tive dúvidas. Se eu não estivesse interessada em receber feed-back sobre o que escrevo, então nunca teria criado um blog. Sei que há maneira de o receber mesmo que não se permitam os comentários, mas sou de opinião de que é mais estimulante para quem escreve se se deixar comentar no próprio blog.
- Mais estimulante?
- Sim. No mesmo sentido em que os actores dizem que o teatro é mais estimulante do que o cinema porque no teatro têm a imediata percepção da reacção do público que os está a ver. É esse tipo de instantaneidade que acho interessante nos comentários. Por outro lado, acho também que um blog não é um verdadeiro blog se não permitir comentários.
- Então acha que um blog que não permite comentários é o quê?
- É um meio-blog. E em alguns casos é um puro exercício de vaidade…
- …?
- Não quero generalizar, mas a impressão que tenho da maioria dos bloggers que conheço que não aceitam comentários é a de que se acham demasiado importantes para albergar no seu espaço qualquer ideia que não seja sua ou, muitas vezes, qualquer crítica ou voz discordante.
- Mas têm o direito de não permitir comentários nos blogs deles.
- Sim, claro! Assim como eu tenho o direito de achar o que entender acerca dessa atitude. E acho que é uma atitude de nariz empinado, de alguém que finge estar elevado e isolado na blogosfera onde vai debitando os seus pensamentos. Por acaso, cheguei a fazer um post sobre isso (link). A máscara muitas vezes cai quando alguns são apanhados a comentar um post de alguém que comenta os posts deles. Primeiro fingem que não querem saber, mas depois vão logo a correr ver quem os linkou e porquê.