Dos dezasseis palpites, três falharam completamente os alvos, seis acertaram numa das mentiras, cinco acertaram em duas e apenas uma pessoa acertou nas três. Foi a
Claudette. O
prémio era ser o próximo elo desta corrente, mas ela já tratou disso.
Sou perita em mentiras rápidas.
Sou, o que hei-de fazer? Faz parte do meu instinto de sobrevivência. É assim como manter a cabeça à tona de água, para evitar os pirolitos.
Às compras no super-mercado, já dei comigo a arrumar os artigos de uma prateleira.
É a panca das arrumações a tomar conta de mim. Estava à espera que o Migas acabasse de ver o corredor dos brinquedos. Não tinha nada para fazer. De repente, os olhos avistaram umas caixas de Playmobil todas desalinhadas e... zás!, o braço mais rápido do que o cérebro. Parei logo que me dei conta, ri-me de mim própria e prometi que ia ter mais juízo.
Tenho um bom sentido de orientação.
Tenho. Contrariamente ao que se diz relativamente às mulheres em geral. Cumulo com o sei arrumar bem o carro e com o sei dar assobiadelas brutais.
Estou a ler a auto-biografia política de Aníbal Cavaco Silva.
Estou. Será que vou ser trucidada por isto?
Nunca prescindo de ler o meu horóscopo semanal.
Prescindo. E não tenho a mínima pachorra para os astros e afins. Aliás, acho mesmo intragáveis todas e quaisquer versões de horóscopos para massas.
Andei na escola com o Nuno Markl, que foi da minha turma em três anos do liceu.
Pois não andei. Com muita pena minha porque devia ter sido giro. Mas tenho um amigo que andou, daí ter-me ocorrido esta mentira.
Uma vez tirei a mim própria uma agulha de lã que me furou o pé de um lado ao outro, depois de eu a pisar.
Avisam-se os leitores mais sensíveis que devem agora saltar para a verdade seguinte.
Pois tirei. Os acontecimentos remontam aos idos tempos em que em minha casa ainda não havia televisão com tele-comando.
Eu estava a ver televisão, enquanto fazia um dos meus tapetes de Arraiolos. Querendo mudar de canal, atirei o tapete para o chão e - já vos disse para passarem para a verdade seguinte - caminhei em direcção da televisão. Ao terceiro passo, o tapete veio atrás de mim. Ao tentar encontrar a explicação do fenómeno, apercebi-me de que tinha a agulha com que trabalhava espetada no meu pé descalço.
Perante tal facto - depois não se venham queixar de que eu não avisei - pensei que tinha duas hipóteses: ir para as urgências do hospital onde sabia lá dali a quanto tempo e com que requintes de malvadez me extrairiam a agulha ou, muito mais cool, fazer uma cena à filme americano, que poderia anos mais tarde relatar com orgulho no meu blogue. E não hesitei: levantei o pé, agarrei a agulha, fechei os olhos, contei até três e saquei-a de volta. No big deal. Só passados uns dez minutos é que ia desmaiando.
Mesmo com o mau tempo, gosto mais de morar em Bruxelas do que em Lisboa.
Pois gosto, apesar de estar sozinha nisto. As vantagens superam os incómodos, não há volta a dar-lhe.
Tenho vários hobbies, mas aquele que mais me entretém é a jardinagem.
É uma grande mentira. Não só tenho apenas aí um ou dois hobbies, de que me esqueço por longos períodos de tempo, como detesto a jardinagem. Aliás, detesto o campo em geral por causa de todos os insectos em particular. E a única jardinagem que faço é a mais básica de todas: cortar a relva e arrancar as ervas daninhas. Um dia destes, ainda transformo o meu jardim numa bela placa de betão, à portuguesa.