Na sequência de um post de anteontem, e inspirada por um comentário do
Patchouly, decidi aprofundar o tema "
ainda bem que não tenho em casa uma miúda de quatro anos a quem explicar as vantagens de crescer e de ser mãe".
Para que o trabalho fique bem feito, vou explicar em detalhe algumas
vantagens materiais, até às partículas. As vantagens não materiais ficam de fora, pois se as incluísse corria o risco de tornar isto numa grande lamechice, que eu nestas coisas sou muito do género
emocional.
Vantagem número um: guiar um carroÉ maravilhoso! Mão esquerda ora no volante, ora na
manette das mudanças. Mão direita a passar garrafas de água, lenços de papel, biscoitos ou livros para o Migas no banco de trás. Isto quando a mão direita não viaja
tout court no banco de trás, porque temos de ir de mão dada, favorecendo assim a distensão de todos os músculos que vão desde o pescoço até à ponta dos dedos.
Olho esquerdo na estrada e olho direito no espelho retrovisor interior, o que é sempre mais fácil de fazer quando se é estrábico, mas não é impossível quando se o não é. Pormenor sem importância: o retrovisor em questão não mostra os carros que vêm atrás, mas sim o espécime que vai na cadeira de criança. Resultado do meu estrabismo imperfeito: atropelamento de um polícia numa passadeira (esta do atropelamento é uma estreia mundial, que nem nunca contei ao Chefe – agora é que vou tirar a prova dos nove e ver se ele lê ou não o blog…)
Chegada à primeira porta da garagem de casa – que se abre automaticamente – o rádio já nem se ouve por causa dos insistentes Quero sair! Tiras-me o cinto? Paragem para abrir a segunda porta da garagem. Entrada no carro seguida de insistentes puxões de cabelos: é a velha história do Ó mãe, tu depois vens buscar-me a ralhar e eu sou um coelhinho com medo, está bem? (Nem sei se vale a pena explicar. São rituais como tantos outros, de que posso dar o exemplo da história que tive de aturar durante meses a fio todos os dias depois do banho, que ele era um gato numa caixa (a toalha de banho), que eu devia abrir e dizer Oh, um gatinho pequenino!... Era mesmo isto que eu queria!)
Vantagem número dois: ter um computador
Genial! Agora que temos um portátil posso criar um blog e ter o computador sempre aqui a jeito, mesmo enquanto faço o jantar, para ler o jornal e coisas assim giras!... – o meu pensamento não pára. Bem… na realidade, pára…
- Ó mãe, podes vir sentar-te ao meu lado?
- Mas, Migas, tu estás a ver as Super Nanás (Powerpuff Girls ) e sabes que eu não gosto disso, o que é que eu vou para aí fazer?
- Ó mãe, só um cadinho… Sachavor!...- Olha, é o blog da mamã!
- Sim, é o blog da mamã…
- Ó mãe, posso escrever no comptadore?...
- Agora não, Migas, deixa a mãe escrever aqui uma coisa!...
- Ó mãe, só um cadinho… Sachavor!...- Olha, é o blog da mamã!
- Sim, é o blog da mamã…
- Ó mãe, posso ver os CBeeBees?
- Agora não, Migas. Porque é que não vais brincar com os teus brinquedos?... Mais tarde vemos os CBeeBees.
- Ó mãe, só um cadinho… Sachavor!...Vantagem número três: ler livros com histórias bonitasSe me dão licença, posso lançar uma gargalhadinha irritante?...
Nos últimos quatro anos, devo ter lido cerca de cinco livros… e, para conseguir acabá-los, tive de passar várias horas na esteticista, cujo gabinete considero o meu local de leitura favorito (por ser o único que me permite, de facto, LER).
Vantagem número quatro: jogar jogos de vídeo
Pois. Ainda ontem, quando descobri que afinal tínhamos lá em casa um dos meus jogos favoritos de sempre, foi este o ruído de fundo, cada vez que perdia ou mudava de nível: Podemos jogar outro? Podemos jogar outro? Podemos jogar outro?...
Vantagem número cinco: a verdadeira vantagem
Podemos mandar os miúdos para a cama e, depois então, dar uma volta de carro, escrever no blog, ler um bocado ou jogar um joguito em paz e siêncio.
Need I say more?